BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central trabalha para gerar uma redução estrutural e sustentável do spread bancário, afirmou nesta terça-feira o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, destacando que o aumento da segurança e das garantias deve guiar essa diminuição.
"Na questão da garantia dos empréstimos, nós temos visto que aquelas parcelas do crédito que são mais seguras... elas avançam", afirmou ele durante seminário sobre o tema.
"Então isso nos dá uma dica de uma parte das medidas de onde têm que vir. Elas têm que vir da segurança, de redução da incerteza", acrescentou.
Ilan também reiterou que o custo do crédito direcionado representa parcela importante do custo atual do crédito livre, sendo que maior representatividade do crédito livre aumentaria a potência da política monetária.
Segundo o presidente do BC, as iniciativas em curso para diminuição do spread bancário --diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final-- são embasadas num conceito de economia eficiente e focada na produtividade. Além de ajudar na recuperação da atividade, elas devem levar a uma taxa estrutural de juros menor no médio e no longo prazo, complementou.
Ilan pontuou que a queda nos spreads vista no governo anterior não foi estrutural. No ano passado, o spread subiu 8,1 pontos percentuais, a 40,2 pontos, no segmento de recursos livres --em que as taxas são definidas livremente pelas instituições financeiras.
Em relação às iniciativas, Ilan repetiu uma série de medidas que vêm sendo anunciadas desde o fim do ano passado, dentro da agenda de reformas microeconômicas preparada pela equipe econômica para dar algum impulso à combalida atividade.
Entre elas, melhorias relacionadas à implementação e aperfeiçoamento do cadastro positivo e das duplicatas eletrônicas.
Também presente no evento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicou que em relação ao cadastro positivo, o governo analisa um projeto de lei para instituir adesão automática e exclusão opcional, invertendo dinâmica hoje existente.
Meirelles também citou projeto de lei para aperfeiçoamento da legislação que trata da alienação fiduciária, afirmando que o modelo atual abre espaço para muitos questionamentos jurídicos.
Em outra frente, a equipe econômica "está avançando bastante" em lei de falência e recuperação judicial para reduzir prazos e custos desse processo, dando mais poderes aos credores e garantias àqueles que decidirem adquirir ativos das companhias em questão, afirmou Meirelles.
(Por Marcela Ayres)