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BC vê inflação acima da meta em 2017 e sinaliza que Selic não vai cair

Publicado 10.03.2016, 10:39
© Reuters. Prédio do Banco Central, em Brasília
PBR
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Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central informou que sua projeção da inflação pelo cenário de referência segue acima do centro da meta de 4,5 por cento em 2016 e em 2017, mas retirou a menção de que para o ano que vem a inflação estava "ligeiramente" superior, pavimentando o caminho para que a taxa básica de juros não seja reduzida tão cedo apesar da fraqueza na economia.

A autoridade monetária ressaltou ainda que continuam as incertezas associadas ao balanço de riscos, principalmente quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e sua composição, ao comportamento da inflação corrente e das expectativas de inflação, segundo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.

Na quarta-feira da semana passada, o BC manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano, mesmo patamar desde julho de 2015, numa decisão dividida entre os membros do Copom.

Foi a terceira reunião seguida em que o colegiado se dividiu, com os diretores Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais) votando pela elevação dos juros em 0,5 ponto percentual.

Na ata, o BC ressaltou que a dinâmica dos preços administrados e o hiato do produto "mais desinflacionário que o inicialmente previsto" são fatores importantes do contexto em que decisões futuras de política monetária serão tomadas, ressaltando a importância da desaceleração da economia.

"O BC, por um lado, mostra que a atividade econômica está mais fraca, mas por outro está muito preocupado com as contas públicas. Isso sugere certa resistência para reduzir os juros e cautela para na condução da política monetária", afirmou o economista-chefe da corretora Votorantim, Roberto Padovani, para quem a Selic será reduzida somente no 4º trimestre deste ano.

INFLAÇÃO

O BC diminuiu sua estimativa para a alta de preços administrados em 2016 a 5,9 por cento, contra 6,3 por cento na ata anterior, mantendo a expectativa de aumento de 5 por cento para o ano que vem. Ao mesmo tempo, passou a enxergar redução de 3,5 por cento nos preços de energia elétrica este ano, contra alta de 3,7 por cento.

Por outro lado, o BC ressaltou que a inflação mostra resistência. Pesquisa Focus do próprio BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra que a projeção de alta do IPCA é de 7,59 por cento em 2016, caindo a 6 por cento no ano que vem.

© Reuters. Prédio do Banco Central, em Brasília

Também destacou a importância do ambiente fiscal em seu cenário. "Indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários, bem como na sua composição, impactam as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação e contribuem para criar uma percepção negativa sobre o ambiente macroeconômico, bem como têm impactado negativamente as expectativas de inflação", trouxe a ata.

Sobre a margem de ociosidade no mercado de trabalho, o BC afirmou que ela encontra-se elevada, em substituição à frase "tem aumentado em ritmo mais forte". O BC também disse que atividade econômica continua a se ajustar, num ritmo de expansão este ano inferior ao previsto anteriormente, processo especialmente intensificado pelas incertezas vindas de eventos não econômicos, com retração dos investimentos.

A ata do Copom não levou em consideração os últimos desdobramentos políticos, com o dólar a 3,95 reais. Mas a moeda norte-americana caiu 4,91 por cento desde quinta-feira até a véspera, ao patamar de 3,68 reais, na esteira da última fase da operação Lava Jato, na sexta-feira passada, que colocou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras (SA:PETR4).

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