Arantxa Iñiguez
Frankfurt (Alemanha), 26 jun (EFE).- O diretor-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), Jaime Caruana, assegurou que os Bancos Centrais "estão preparados para adotar as medidas necessárias para garantir o funcionamento dos mercados" após o "Brexit" (saída do Reino Unido da UE).
Caruana disse na Assembleia Geral Anual do BIS, realizada neste domingo na Basileia, que o resultado do referendo no Reino Unido "gerou uma elevada volatilidade nos mercados financeiros" mas que poderá ser contida.
"Os bancos centrais já comunicaram que estão seguindo a situação de perto e que estão preparados para adotar as medidas que sejam necessárias para garantir o funcionamento ordenado dos mercados", fez insistência Caruana.
"No passado, os bancos centrais atuaram com rapidez e agora estão dispostos a voltar a fazer isso, e contam com as ferramentas necessárias para isso", acrescentou o diretor-geral do BIS, cuja sede central está na cidade suíça da Basileia.
Caruana previu que "é provável que seja aberto agora um período de incerteza e ajustes" porque "o Reino Unido está estreitamente integrado na economia mundial e abriga um dos centros financeiros mais importantes do mundo" em Londres.
52% dos britânicos decidiram na quinta-feira em referendo sair da União Europeia (UE), mas agora mais de três milhões de britânicos apoiam com suas assinaturas um pedido ao parlamento para que o Reino Unido celebre outro referendo sobre o mesmo assunto.
Políticos e analistas apontam que é improvável que isto ocorra.
"Com uma adequada cooperação em nível mundial, estou convencido de que esta incerteza pode ficar contida e que os ajustes serão realizados da maneira mais suave possível", acrescentou Caruana na assembleia.
"O setor privado e os bancos centrais iniciaram amplos planos de contingência para limitar as perturbações nos mercados financeiros", lembrou o diretor-geral do BIS.
A queda que aconteceu na sexta-feira nas bolsas mundiais após conhecer o "Brexit" gerou uma perda de capitalização de US$ 5 trilhões.
Esta quantidade equivale ao dobro da produção econômica do Reino Unido e 17% dos países do G7 (Estados Unidos, França, Canadá, Reino Unido, Japão, Itália e Alemanha), segundo o estrategista de ações do banco alemão DZ Bank, Christian Kahler.
A perda de capitalização nos principais mercados europeus pelas vendas da sexta-feira é de cerca de 960 bilhões de euros.
Caruana também considerou que o sistema financeiro é agora mais fortes frente a estas alterações do mercado porque os bancos têm "liquidez mais fortes".
A reação dos mercados financeiros ao "Brexit" lembrou à vivida após a quebra do banco americano Lehman Brothers.
Mas o governador do Banco Nacional Austríaco, Ewald Nowotny, que é membro do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), disse na sexta-feira que a situação não é comparável com a quebra de Lehman Brothers em 2008.
O BIS também apresentou hoje o relatório anual para o exercício qual analisa a situação da economia e dos mercados financeiros no último ano.
Caruana enfatizou que o ajuste adicional pelo "Brexit" se une agora ao reajuste "que se esteve produzindo na economia mundial", um dos principais temas abordados no relatório anual este ano.
Os principais riscos para o crescimento são uma frágil produtividade, uma elevada dívida e um limitado espaço de manobra para a política monetária.
A decisão do Reino Unido de sair da UE representa um novo fator de incerteza política e financeira.
"A ideia principal é que, agora mais que nunca, a política monetária deve estar respaldada pelas políticas prudencial, promotor e estrutural", disse o antigo governador do Banco da Espanha.