Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Mesmo com os desdobramentos da operação Lava Jato, da qual é um dos alvos, a empreiteira Odebrecht tem intensificado a participação em licitações nos Estados Unidos, mercado no qual espera ter receita de 400 milhões de dólares em 2015, um crescimento de 48 por cento sobre o faturamento apurado no ano passado.
Com obras na Flórida, sua sede nos EUA, no Texas e na Louisiana, a companhia faz planos de concorrer à expansão de obras como aeroportos, estradas e saneamento, disse à Reuters o diretor-superintendente da Odebrecht Infraestrutura nos Estados Unidos, Gilberto Neves.
"Já conversamos com autoridades governamentais do país. Por ora, ninguém se recusou a fazer negócios conosco por causa disso (Lava Jato)", disse Neves.
O diretor-presidente da maior empreiteira do Brasil, Marcelo Odebrecht, está preso desde o dia 19 de junho, acusado, juntamente com outros executivos da empresa, de participar do esquema bilionário de corrupção envolvendo a Petrobras (SA:PETR4), empreiteiras, órgãos públicos, partidos e políticos, revelado pela Operação Lava Jato..
Advogados têm apontado os riscos de que construtoras brasileiras investigadas na Lava Jato sejam proibidas de participar de licitações em outros países.
A Odebrecht venceu neste ano a disputa para tocar a ampliação de duas rodovias na Flórida. Junto com a ampliação do terminal de passageiros da American Airlines no aeroporto internacional de Miami, vencida em dezembro passado, as obras somam receitas esperadas de 290 milhões de dólares apenas na Flórida.
A companhia também constrói uma rodovia no entorno de Houston, Texas, e participa de obras de reconstrução em Nova Orleans, na Louisiana, arrasada pelas enchentes provocadas pelo furacão Katrina em 2005. No ano passado, a receita da empresa nos EUA foi de 270 milhões de dólares.
A companhia abriu recentemente uma fábrica de etileno da petroquímica Braskem (SA:BRKM5) no México e também constrói uma geradora de energia no Peru. As iniciativas são parte da estratégia de fazer com que a fatia de operações internacionais da Odebrecht, que era de 39 por cento em 2011, seja superior a 50 por cento no ano que vem.
No caso dos EUA, com os seguidos sinais de retomada da economia do país, a Odebrecht está de olho nos planos de governos estaduais e municipais de levar adiante novos projetos de infraestrutura.
"O orçamento está crescendo para departamentos governamentais como de transportes e de águas", disse Neves.
O PIB dos EUA cresceu mais rápido do que se esperava no segundo trimestre deste ano, ao ritmo anual de 3,7 por cento, com sólida demanda doméstica.
Atualmente, a unidade norte-americana responde por cerca de 5 por cento da receita da divisão de engenharia e construção do conglomerado e, dada a recuperação da economia dos EUA, a tendência é que essa fatia cresça nos próximos anos.
Isso mesmo descartando convites para participar de alguns empreendimentos no país, tais como imobiliários e de logística.
"Temos que nos concentrar nos mercados e na região (nos Estados Unidos) em que somos mais competitivos", disse Neves.