Por Josh Smith
CABUL (Reuters) - As baixas civis no Afeganistão alcançaram novos patamares em 2016 devido a mais atentados do Estado Islâmico e ao maior número de mortos e feridos em ataques aéreos desde 2009, além de um saldo crescente de crianças vítimas de projéteis não detonados, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU).
Um total de 3.498 civis foram mortos no conflito e 7.920 outros sofreram ferimentos no ano passado, um aumento combinado de 3 por cento em relação a 2015, disseram investigadores da ONU em um sumário anual publicado nesta segunda-feira.
"Diante de um pano de fundo de combates terrestres prolongados, o campo de batalha permeou santuários civis que deveriam ser poupados de danos, com ataques suicidas em mesquitas, ataques visando centros distritais, bazares e residências e o uso de escolas e hospitais para fins militares", disse a ONU.
Cerca de 61 por cento de todas as baixas civis foram causadas por grupos antigoverno, como o Taliban e o Estado Islâmico, afirmou a entidade.
A ONU atribuiu ao menos 4.953 mortes e ferimentos ao Taliban, mas os investigadores documentaram um aumento de 10 vezes nas baixas provocadas por militantes do Estado Islâmico, que muitas vezes miram membros da minoria muçulmana xiita, o que assinalou uma mudança em relação a 2016.
Ao menos 899 mortes e ferimentos foram atribuídos ao Estado Islâmico, uma facção relativamente menor no Afeganistão, mas que no ano passado realizou um número crescente de atentados suicidas.
O ano de 2016 também testemunhou a maior quantidade de baixas civis resultantes de ataques suicidas desde que a ONU começou a monitorar estas cifras em 2009.
As forças de segurança afegãs causaram cerca de 20 por cento das baixas em geral, enquanto milícias pró-governo e forças internacionais provocaram 2 por cento cada.
Entre as táticas mais mortíferas usadas pelas forças governamentais esteve o uso indiscriminado de armas pesadas, como morteiros, em áreas povoadas, relatou a ONU.
À medida que a Força Aérea afegã obteve mais aeronaves de ataque e os Estados Unidos intensificaram sua campanha aérea contra o Estado Islâmico e o Taliban, as baixas provocadas pelos bombardeios aumentaram em 99 por cento em comparação com 2015, chegando a níveis que não eram vistos desde 2009.
Os ataques aéreos de aviões de guerra internacionais resultaram em no mínimo 127 mortes de civis e 108 ferimentos em 2016, e a Força Aérea local foi responsável por ao menos 85 mortes e 167 ferimentos, segundo as Nações Unidas.