SÃO PAULO (Reuters) - A safra de laranja de São Paulo e do Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais, a principal região citrícola do Brasil, foi estimada nesta terça-feira em 223,14 milhões de caixas de 40,8 kg em 2024/25, alta de 3,4% ante projeção anterior, de acordo com levantamento do Fundecitrus.
Esse incremento decorre do acréscimo da produção proveniente de uma atípica quarta florada "bastante expressiva", afirmou a instituição de pesquisa em relatório.
Mas, na comparação com a safra anterior (307,22 milhões de caixas), a nova projeção representa uma queda de 27,3%, com o maior produtor e exportador global de suco de laranja sofrendo impactos do clima adverso e também do greening, doença que reduz a produtividade dos laranjais.
A estimativa de produção da região citrícola, que concentra as indústrias processadoras de laranja do Brasil, está apenas um pouco acima de uma mínima histórica de mais de 30 anos.
Segundo dados do Fundecitrus divulgados anteriormente, a menor produção da série histórica do setor foi registrada em 1988/89 (214 milhões de caixas).
A incidência do greening no cinturão produtor aumentou para 44,35% dos pomares em 2024, no sétimo ano consecutivo de avanço da pior doença da citricultura, informou o Fundecitrus em setembro.
A conjuntura no Brasil colaborou para impulsionar os preços do suco congelado e concentrado na bolsa de Nova York para máximas históricas acima de 5 dólares por libra-peso em 2024. Nesta terça-feira, a commodity registrava leve alta, a 4,79 dólares.
Segundo relatório da instituição de pesquisa, a atual temporada foi "completamente atípica", pois registrou uma quarta florada "bastante expressiva" na comparação com outras safras, respondendo por 20,23 milhões dos 223,14 milhões de caixas, ou seja, 9,1% da produção total.
"Boa parte dessas frutas deve ser colhida fora de época, de janeiro a abril do ano que vem, com peso menor do que as frutas das três primeiras floradas, 126 gramas contra 161 gramas, respectivamente", afirmou o Fundecitrus.
Com base nos dados de campo até meados de novembro, cerca de 80% da produção havia sido colhida. Nas variedades precoces, Hamlin, Westin e Rubi, a colheita atingiu 97%, enquanto as demais variedades precoces alcançaram 96%.
A colheita da variedade Pera estava em 78%. Entre as variedades tardias, Valência e Folha Murcha registravam 71%, e a variedade Natal, 72%.
O Fundecitrus citou que a taxa de queda de frutos subiu para 19%, ante 18,5% projetada no início da safra e 17,1% da previsão de setembro, devido, principalmente, ao greening e às operações mecanizadas de manejo dos pomares, especialmente a poda.
(Por Roberto Samora)