Fique por dentro das principais notícias do mercado desta quinta-feira

EdiçãoJulio Alves
Publicado 18.09.2025, 07:53
© Reuters

Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas apontavam para uma abertura em alta nesta quinta-feira, após o Federal Reserve reduzir os juros pela primeira vez desde dezembro.

O presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, destacou a necessidade de administrar riscos à frente, com atenção especial à fragilidade do mercado de trabalho no país. Para este ano, são esperados novos cortes, embora as projeções das autoridades do Fed revelem que a discussão sobre a intensidade dessas medidas tende a ser acirrada.

No Brasil, o mercado local deve repercutir o tom mais duro que o esperado do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), do banco central, que manteve a taxa de juros ontem estacionada em 15%.

No âmbito político, o destaque por aqui é a aprovação, pela Câmara dos Deputados, de urgência na votação de projeto de lei (PL) que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

1. Futuros em alta em Wall Street

Os futuros de ações nos EUA avançavam nesta quinta-feira, refletindo a decisão do Fed e os comentários de Powell sobre a condução da política monetária.

Às 7 h de Brasília, o contrato futuro do Dow subia 141 pontos, ou 0,3%. Os futuros do S&P 500 ganhavam 28 pontos, ou 0,4%, e os do Nasdaq 100 adicionavam 149 pontos, ou 0,6%.

Na véspera, os índices de Wall Street encerraram de forma mista: o Dow Jones Industrial Average apresentou ganhos, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq Composite, mais exposto ao setor tecnológico, recuaram.

O movimento também foi influenciado pelo desempenho da Nvidia, que caiu após informações de que o regulador de internet da China proibiu grandes companhias de tecnologia locais de adquirirem chips de IA da fabricante norte-americana.

2. Fed cumpre expectativa e corta juros nos EUA

O Fed reduziu a taxa básica em 25 pontos-base, para o intervalo de 4% a 4,25%, e sinalizou a possibilidade de mais dois cortes em outubro e dezembro.

Powell classificou a medida como parte de uma estratégia de “gerenciamento de risco”, na tentativa de equilibrar o desaquecimento do mercado de trabalho com a inflação ainda resistente.

Ele observou que os números recentes de emprego têm pesado fortemente nas discussões internas, afirmando que “os riscos para o mercado de trabalho se intensificaram”. Já uma aceleração da inflação foi descrita como desafio de natureza transitória.

Na teoria, juros mais baixos podem estimular investimentos e contratações, embora tragam consigo a ameaça de reacender pressões inflacionárias.

O corte não foi unânime no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Stephen Miran, indicado pelo presidente Donald Trump para o colegiado e confirmado pouco antes do encontro, defendeu uma redução de 50 pontos-base.

A decisão seguiu a linha de pressão de Trump, que insiste em cortes mais profundos para apoiar a atividade econômica, embora o movimento tenha sido menos intenso do que ele desejava.

Questionado sobre a independência do banco central, Powell reforçou que “a cultura do Fed é pautar decisões por dados, sem considerar qualquer outro fator”.

O encontro trouxe novas projeções: a expectativa é de mais 50 pontos-base de cortes até o fim de 2025, o que colocaria os juros entre 3,5% e 3,75%.

Sete dos 19 dirigentes, porém, preveem menos reduções ainda este ano, e um deles defende manutenção da faixa atual de 4,25% a 4,5%. Outro, possivelmente Miran, projeta queda mais agressiva até 2,75% a 3%. O Barclays observou que esse cenário estaria “alinhado aos pedidos do governo Trump por cortes rápidos e profundos”.

Os mercados, segundo a ferramenta FedWatch da CME, precificam cerca de 90% de chance de nova redução em outubro e 84% em dezembro, ambas de 25 pontos-base.

As projeções do Fed também mostraram expectativa de crescimento de 1,6% em 2025, acima do previsto em junho. A taxa de desemprego deve terminar o ano em 4,5%, enquanto a inflação subjacente deve alcançar 3,1%. A meta de 2% não deve ser atingida antes de 2028.

3. Juros permanecem elevados no Brasil

O Copom decidiu ontem, de forma unânime, manter a taxa básica de juro (Selic) em 15% ao ano, reafirmando a necessidade de cautela diante do cenário de incertezas.

O comunicado trouxe ajustes sutis em relação ao texto anterior, retirando a referência à “continuidade da interrupção” do ciclo de alta e reforçando que o BC avaliará se a taxa elevada por período prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. A autarquia também reiterou que pode voltar a elevar os juros, caso julgue necessário.

Entre os analistas, a leitura foi dividida. Alguns destacaram uma sinalização mais firme de que os juros permanecerão altos por tempo prolongado; outros interpretaram a mudança como uma suavização da postura anterior, com possibilidade de cortes mais à frente, caso a inflação continue cedendo e a atividade perca força.

De forma geral, entretanto, a leitura dos analistas foi que o alerta sobre eventual retomada das altas mostra um BC mais duro do que o esperado, afastando, por enquanto, cortes no curto prazo.

4. Câmara aprova urgência na votação do PL da anistia

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que colocará em votação um requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de anistia defendido pela oposição, que pode beneficiar o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes ligados à tentativa de golpe de Estado, após as eleições de 2022.

O texto original concede perdão a participantes de manifestações políticas desde outubro de 2022, mas pode sofrer alterações durante a tramitação, e o próprio Motta ressaltou que caberá ao plenário decidir sobre o tema em meio a visões divergentes na Casa.

5. Ouro cai

As cotações do ouro ampliaram as perdas na manhã de hoje, cedendo após recentes máximas diante da valorização do dólar, em meio à sinalização de uma trajetória mais gradual para os cortes de juros pelo Fed.

Além das duas reduções previstas para este ano, as autoridades projetam apenas mais um corte em 2026, o que reflete maior prudência do banco central.

Powell reforçou que as decisões seguirão a lógica “reunião a reunião”, reduzindo a probabilidade de um ciclo acelerado de flexibilização.

“Eles entendem que três cortes adicionais seriam suficientes para sustentar o crescimento e reativar o mercado de trabalho, mas os investidores ainda mostram ceticismo”, escreveram analistas do ING em nota.

O metal chegou a recordes recentes apoiado pelas expectativas de afrouxamento monetário, que reduzem o custo de oportunidade de manter ativos não remunerados, além da incerteza geopolítica e da forte demanda de bancos centrais.

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