Dólar cai pela 5ª sessão seguida em meio à percepção de alívio sobre impasse Brasil-EUA
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam praticamente estáveis, devolvendo uma parte pequena dos ganhos da sessão anterior, em meio ao impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos, com a entrada em vigor nesta quarta-feira das tarifas americanas de 50% sobre produtos brasileiros.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,16%, ante o ajuste de 14,158% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,48%, ante o ajuste de 13,473%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,62%, ante 13,641% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,73%, ante 13,761%.
O mercado doméstico segue com várias incertezas sobre o tema tarifário no radar, incluindo a perspectiva de que mais produtos recebam isenções dos EUA, a expectativa pelo plano de contingência do governo brasileiro e uma potencial escalada do embate político após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse mais cedo em entrevista à Reuters não ver espaço para negociações diretas com Trump e que o Brasil não pretende anunciar tarifas recíprocas contra Washington.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou a jornalistas pela manhã que o pacote de ajuda do governo a setores e empresas afetados pela tarifa mais elevada dos EUA incluirá crédito e aumento de compras governamentais, acrescentando que conversará na semana que vem com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
"O escopo das tarifas de 50% será mais brando do que o inicialmente esperado. Embora o impacto macroeconômico direto deva ser limitado, os efeitos setoriais são relevantes e o impacto indireto pode ganhar tração caso haja deterioração significativa da percepção de risco", disseram analistas do BTG (BVMF:BPAC11) em relatório.
No cenário externo, o foco dos mercados tem permanecido em torno do Federal Reserve desde sexta-feira, com investidores atentos à possibilidade de cortes na taxa de juros a partir de setembro e à espera da indicação de Trump para uma vaga aberta na diretoria do banco central dos EUA.
Nesta quarta, operadores consolidaram ainda mais as apostas na retomada do afrouxamento monetário pelo Fed, uma vez que continua crescendo a lista de autoridades que parecem abertas a um ajuste da política monetária no próximo mês, principalmente depois de um relatório de emprego fraco para julho.
A expectativa ainda é de que, com a indicação de um novo diretor por Trump, o Fed possa caminhar gradualmente a uma visão mais semelhante a do presidente norte-americano, que defende cortes imediatos e profundos na taxa de juros.
O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha queda de 1 ponto-base, a 3,703%.
(Reportagem de Fernando Cardoso)