BBAS3: Saiba como usar análise SWOT para investir, ou não, em Banco do Brasil
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam em baixa nesta quarta-feira, mas ainda longe de compensar os ganhos fortes da sessão anterior, conforme investidores demonstravam ter moderado as preocupações em torno do impasse comercial e político entre Brasil e Estados Unidos, com a perspectiva para o Federal Reserve também no radar.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 14,03%, ante o ajuste de 14,113% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,36%, em baixa de 13 pontos-base ante o ajuste de 13,493%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,64%, com queda de 7 pontos ante 13,706% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,78%, ante 13,833%.
Ao longo do dia, o principal foco de atenção dos agentes financeiros continuou sendo os receios pela decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que cidadãos brasileiros não podem ser afetados por leis estrangeiras relacionadas a atos cometidos no Brasil.
A determinação de Dino não dizia respeito diretamente à disputa entre Brasil e EUA, mas, na prática, indicou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, não pode sofrer as consequências da imposição por Washington de sanções econômicas com base na Lei Magnitsky.
Na véspera, o mercado interpretou que a decisão de Dino criou um novo obstáculo para as tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negociar a tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, em meio à dificuldade já evidente do Brasil em abrir canais de diálogo.
Os mercados também reagiram negativamente ao temor de que o lado norte-americano possa reagir à determinação do ministro, com possíveis implicações para instituições financeiras que não cumpram as sanções dos EUA.
"Ontem teve um estresse absurdo com a decisão do Dino", disse Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos. "Hoje ainda temos um cenário incerto, com bancos esperando para ver os próximos passos, mas vimos um arrefecimento do estresse."
Nesta quarta, houve devolução de parte dos ganhos das taxas futuras, em um claro movimento de ajustes, mas longe da mesma intensidade do dia anterior. A taxa do contrato para 2028, por exemplo, havia subido 24 pontos-base na terça, enquanto a taxa para 2031 havia avançado 23 pontos.
Em uma atualização sobre o assunto, Moraes disse em entrevista exclusiva à Reuters que os tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.
"Se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. E aí eles podem ser penalizados internamente", afirmou Moraes.
No cenário externo, os mercados de títulos têm operado com pouca volatilidade, em meio à cautela dos investidores antes de um aguardado discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, no simpósio de Jackson Hole, evento promovido pelo banco central dos EUA.
Operadores têm precificado uma chance alta de o Fed cortar a taxa de juros em setembro e reduzi-la novamente até dezembro, segundo dados da LSEG. O discurso de Powell, no entanto, pode alterar as projeções para qualquer lado.
"Os dois mandatos do Fed -- estabilidade de preços e pleno emprego -- começam a mostrar sinais de colisão. Os dois votos dissidentes na reunião de julho... somados a comunicações recentes de alguns dirigentes do Fed, sugerem que uma retomada do ciclo de cortes de juros já na reunião de setembro está sobre a mesa", disseram analistas do BTG (BVMF:BPAC11) em relatório.
O rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 1 ponto-base, a 3,742%.