Membro do BC do Japão pede pausa em aumentos de juros devido à incerteza sobre tarifas dos EUA

Publicado 16.05.2025, 08:48
Atualizado 16.05.2025, 08:51
© Reuters. Sede do Banco do Japão, em Tóquion23/01/2025nREUTERS/Issei Kato

Por Leika Kihara e Chang-Ran Kim

TÓQUIO (Reuters) - O Banco do Japão deve adiar o aumento da taxa de juros por enquanto, disse nesta sexta-feira Toyoaki Nakamura, membro da diretoria do banco central japonês, alertando sobre a crescente pressão baixista sobre a economia devido à implementação de tarifas pelos Estados Unidos.

Nakamura, conhecido como o membro mais "dovish" (favorável a juros baixos) da diretoria, disse que o Banco do Japão deve orientar a política monetária "com cautela", dando a devida atenção à forma como a incerteza elevada sobre a política comercial dos EUA pode afetar a atividade de empresas e famílias.

"A economia do Japão está enfrentando uma pressão baixista cada vez maior", uma vez que as tarifas acentuadas dos EUA, inclusive sobre o setor automotivo, podem prejudicar seriamente os lucros das empresas, disse Nakamura em um discurso.

"Apressar-se em aumentar a taxa de juros quando o crescimento está desacelerando pode reduzir o consumo e o investimento com uma defasagem", disse Nakamura, cujo mandato de cinco anos na diretoria expira no final de junho.

A economia do Japão encolheu pela primeira vez em um ano e em um ritmo mais rápido do que o esperado, mostraram dados do trimestre de março nesta sexta-feira, ressaltando a natureza frágil de sua recuperação, agora sob a ameaça das políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump.

Embora as despesas de capital permaneçam firmes, a incerteza sobre a política tarifária dos EUA já está estimulando as empresas japonesas a adiar planos de gastos ou a adotar uma abordagem de esperar para ver, disse Nakamura.

As tarifas dos EUA também podem desencadear um "ciclo vicioso de redução da demanda e dos preços", o que exige que o Banco do Japão seja cauteloso em futuros aumentos de juros, acrescentou.

Os EUA impuseram tarifas de 10% sobre todos os países, exceto Canadá, México e China, além de tarifas mais altas para muitos dos grandes parceiros comerciais, incluindo o Japão, que enfrentará uma tarifa de 24% a partir de julho, a menos que consiga negociar um acordo com Washington.

Os EUA também impuseram taxas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, o que representa um grande golpe para a economia japonesa, que depende muito das exportações de automóveis para a maior economia do mundo.

A guerra comercial global desencadeada pelas tarifas dos EUA também complicou a decisão do Banco do Japão sobre quando e até onde os membros podem elevar os juros.

Os temores de uma desaceleração global induzida por Trump forçaram o Banco do Japão a reduzir drasticamente suas previsões de crescimento na reunião de 30 de abril a 1º de maio e lançaram dúvidas sobre sua visão de que os aumentos salariais sustentarão o consumo e a economia em geral.

A maioria dos economistas agora espera que o Banco do Japão mantenha os juros estáveis até setembro para avaliar os efeitos das tarifas dos EUA, segundo uma pesquisa da Reuters, embora uma pequena maioria ainda veja pelo menos um aumento de 25 pontos-base até o final do ano.

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