SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura avalia medidas para garantir preços mínimos aos produtores de trigo do Brasil, em um momento de cotações pressionadas pela entrada da nova safra, disse a pasta após encontro com produtores, cooperativas e indústrias nesta terça-feira.
"Vamos estudar os mecanismos para garantir o preço mínimo ao produtor", afirmou o secretário de Política Agrícola, Neri Geller, em nota divulgada a respeito da reunião.
A cadeia produtiva pediu que o ministério realize Aquisição do Governo Federal (AGF) e leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) e de Prêmio para Escoamento do Produto (PEP).
O ministério disse que vai levar o assunto para discussão com os Ministérios da Fazenda e do Planejamento.
"Qualquer das medidas precisa da aprovação do Conselho Interministerial de Estoques Públicos (Ciep)", completou a nota.
O preço mínimo do trigo, estabelecido pelo governo, é de 38,65 reais por saca de 60 kg.
Representantes do setor produtivo, citados pelo ministério, relataram que o preço pago ao agricultor no Paraná, maior Estado produtor, está em 34 reais e em regiões do Rio Grande do Sul chega a 33,40 reais.
Um executivo sênior de uma trading internacional com atuação forte no Brasil disse à Reuters no início do mês, sob condição de anonimato, que os baixos preços do trigo nacional, pressionados pela colheita de uma grande safra no Brasil e também na Argentina, exigirão que o governo brasileiro tome medidas para sustentar as cotações, como compras para a formação de estoques públicos.
A fonte avaliou que seriam necessárias medidas para retirar do mercado entre 1 milhão e 1,5 milhão de toneladas, ou até 25 por cento da safra nacional de 2016.
Na avaliação do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado de São Paulo, contudo, a situação de aperto nas contas da União deverá impedir uma ação estatal para conter a queda das cotações abaixo dos preços mínimos.
No Paraná, a colheita de trigo já atinge 69 por cento da área total plantada, segundo relatório publicado nesta terça-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral), ligado ao governo estadual.
No Rio Grande do Sul, segundo principal produtor do cereal, a colheita da safra de trigo já começou e 20 por cento das lavouras encontram-se prontas para serem colhidas, disse a Emater-RS.
(Por Gustavo Bonato)