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Porto Seguro: situação não é 'normal' e BC deve subir os juros

Publicado 07.06.2018, 14:18
Atualizado 07.06.2018, 14:18
© Reuters.  Porto Seguro: situação não é “normal” e BC deve subir os juros para evitar impacto na inflação

Arena do Pavini - O Banco Central (BC) deve acabar subindo o juro básico, hoje de 6,5% ao ano, por conta da forte alta do dólar, apesar de não ser essa a prioridade da política monetária, avalia a equipe de gestão da Porto Seguro (SA:PSSA3) Investimentos. Ao comentar os resultados dos fundos em maio, o economista-chefe da gestora, Antonio Pena, lembra que, pelas regras do regime de metas de inflação, o BC poderia adiar um ajuste da taxa, mas as condições não são “normais”. “Pelo livro texto, não deveria subir, pois a inflação está baixa, a atividade econômica está baixa, o que era a visão do Copom (Comitê de Política Monetária) em maio”, diz. “Não há relação entre juro e câmbio, mas isso é em condições normais, e não estamos em uma situação normal, portanto cabe ao menos uma discussão sobre isso”, diz, numa referência à aposta do mercado de uma alta da Selic para acalmar a moeda americana.

Segundo Pena, vários países emergentes subiram os juros, como Argentina e Turquia, e a diferença entre o juro brasileiro e o americano é o menor da história. Mas, mais importante que tudo isso, o tamanho da alta do dólar já começa a criar uma ameaça para o IPCA no futuro. “Com esse nível de alta da moeda americana, a fraqueza da economia pode limitar o impacto nos preços dos produtos dolarizados, mas não vai impedir que a inflação suba”, diz. “Mesmo considerando um pass through (repasse) menor, o tamanho da desvalorização coloca a meta de inflação crescentemente em risco”, diz.

Mudança extraordinária diante da incerteza política

Para Pena, uma eventual alta da Selic no curto prazo cresce em probabilidade, na velocidade em que o câmbio se desvaloriza. E essa alta tem de ser vista como solução extraordinária para um momento extraordinário, não como um novo ciclo de aperto de política monetária, explica. “A nova política monetária vai depender da eleição presidencial”, deixa claro. “Podemos ter tanto um presidente reformista que levaria a um novo corte da Selic quanto um populista que pode fazer o dólar a R$ 4 parecer barato e qualquer alta do juro atual será insuficiente”, diz. Portanto, o risco de elevação da Selic é crescente. “Entendo o argumento do mercado de que a economia está fraca, mas esse argumento é para situações normais”, diz Pena. “O nível de 6,5% ao ano para as situações doméstica e internacional atuais parece equivocado, mas depende de o BC reconhecer isso.”

Mercados disfuncionais

Para Bruno Canesin, gestor de renda fixa da Porto Seguro, o Banco Central deve combater a piora dos mercados subindo os juros nos próximos meses. Segundo ele, as expectativas ainda devem piorar e o mercado está entrando em uma dinâmica disfuncional que deve continuar acentuando a volatilidade.

Mistura ruim externa e interna

Pena avalia que o mercado brasileiro está combinando ambiente internacional menos favorável à tomada de risco pelo menor crescimento global concentrado nos Estados Unidos, após frustrações na Europa e na Ásia, que acaba valorizando o dólar diante das moedas dos emergentes, com problemas localizados em países como Argentina e Turquia e ainda com o cenário da eleição presidencial no Brasil. “E parece improvável uma mudança no cenário externo, assim como qualquer vislumbre sobre o cenário eleitoral de outubro, portanto a instabilidade dos mercados deve se manter no curto prazo.

Greve dos caminhoneiros disparou instabilidade

O economista da Porto Seguro avalia que a greve dos caminhoneiros foi o estopim da instabilidade dos mercados não só por mexer na atividade econômica. Ele chama a atenção para o fato de os indicadores de confiança na economia já estarem caindo antes da paralisação e os últimos dados divulgados ainda não captaram os efeitos da greve. “Os novos dados de confiança portanto vão mostrar uma queda maior, e menor grau de confiança deve afetar o consumidor e os empresários, reduzindo o consumo de bens duráveis de maior valor e os investimentos produtivos”, lembra.

Circulo vicioso sem sinal de melhora

Com isso, a demanda agregada da economia deve diminuir e, com ela, o emprego, criando um círculo vicioso que nem o cenário interno, nem o externo têm condições de interromper no futuro próximo e que foi acentuado pela greve dos caminhoneiros. “Estamos vendo uma onda de revisões para baixo do PIB deste ano e nós mesmos da Porto estamos baixando de 2,8% para 2%, reconhecendo que esse número é um teto, que pode cair mais”, diz.

IPCA de juro deve subir 0,80%

A segunda consequência da greve será o impacto na inflação. Pena lembra que, amanhã, sai o IPCA de maio, que deve vir ainda baixo, em torno de 0,3%, mas o número de junho deve vir mais alto. “Há pelo menos três choques de oferta que podem levar o IPCA deste mês para 0,8%, e tem gente até considerando 1%”, diz. O primeiro, a alta das tarifas de energia elétrica para a bandeira vermelha de nível 2, que teria um impacto de 0,28 ponto no IPCA, o que já levaria a inflação a ser mais alta que a de maio.

Combustíveis pressionarão inflação

O segundo impacto virá da alta dos preços dos combustíveis, especialmente da gasolina. “E com a escalada do dólar, a chance de novas altas é bastante grande, lembrando que a gasolina representa quase 4,5% do IPCA”, afirma Pena. Com o colapso do suprimento em alguns segmentos produtores de alimentos, especialmente aves, os preços dos produtos in natura também devem pressionar a inflação. “Portanto, energia elétrica, combustíveis e alimentação se combinam para puxar o IPCA”, diz.

Barriga de inflação

Alguns desses aumentos devem ter vida curta, admite Pena. Já a gasolina vai depender de outros fatores, inclusive de mudanças na política de preços da Petrobras (SA:PETR4). Mas alimentação pode voltar em um ou dois meses e energia já está no teto, podendo apenas baixar. “Mas tem uma barriga de inflação bem importante contratada para junho.”

Pena já trabalhava com um IPCA mais alto que o mercado, em torno de 3,8%, e admite que ele pode fechar o ano perto de 4% se o dólar ficar onde está. Mas haverá uma mudança nos preços no segundo semestre com a alta do dólar, com os preços cotados em dólar, tanto os importados quanto os exportáveis, subindo mais que os preços locais, pela economia mais fraca e o mercado de trabalho ainda sofrendo.

Por Arena do Pavini

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