As 7 Magníficas cansaram? Descubra as próximas queridinhas do mercado
Por Elizabeth Pineau e Gabriel Stargardter
PARIS (Reuters) - O primeiro-ministro francês, Sébastien Lecornu, sobreviveu a duas votações de desconfiança no Parlamento nesta quinta-feira, ganhando o apoio crucial do Partido Socialista graças à sua promessa de suspender a contestada reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron.
As duas moções, apresentadas pelo partido de extrema-esquerda França Insubmissa e pelo partido de extrema-direita Reunião Nacional, obtiveram apenas 271 e 144 votos, respectivamente -- bem menos do que os 289 votos necessários para derrubar o recente governo de Lecornu.
A oferta de Lecornu de suspender a reforma previdenciária até depois da eleição presidencial de 2027 ajudou a influenciar os socialistas, dando ao governo uma tábua de salvação na Assembleia Nacional, que está profundamente fragmentada.
Apesar do alívio, as moções ressaltaram a fragilidade do governo de Macron no meio de seu último mandato.
"Uma maioria formada por meio de negociatas conseguiu hoje salvar suas posições, às custas do interesse nacional", escreveu o presidente do partido RN, Jordan Bardella, no X.
O mercado de títulos francês permaneceu estável após as votações consecutivas, com a vitória do governo amplamente esperada pelos investidores.
LECORNU ENFRENTA ÁRDUAS NEGOCIAÇÕES
Ao colocar a reforma previdenciária em xeque, Lecornu ameaça matar um dos principais legados econômicos de Macron em um momento em que as finanças públicas da França estão em um estado perigoso, deixando o presidente com poucas conquistas domésticas após oito anos no cargo.
Se Lecornu tivesse perdido qualquer uma das votações, ele e seus ministros teriam que renunciar imediatamente, e Macron teria sofrido uma enorme pressão para convocar uma eleição parlamentar antecipada, mergulhando a França ainda mais na crise.
Mas, apesar do resultado das votações de quinta-feira, Lecornu ainda enfrentará semanas de árduas negociações no Parlamento para aprovar um orçamento reduzido para 2026, durante as quais ele poderá ser derrubado a qualquer momento.
"Os franceses precisam saber que estamos fazendo todo esse trabalho... para lhes dar um orçamento, porque ele é fundamental para o futuro do nosso país", disse Yael Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional e aliada de Macron.
"Estou satisfeita em ver que hoje há uma maioria na Assembleia Nacional que está operando com esse espírito: trabalho, busca de compromisso, o melhor esforço possível", acrescentou ela.
Depois de ganhar a concessão previdenciária, os socialistas, na quarta-feira, estabeleceram como meta a inclusão de um imposto sobre os bilionários no orçamento de 2026, destacando o quão fraca é a mão de Lecornu nas negociações.
A França está no meio de sua pior crise política em décadas, com uma sucessão de governos minoritários procurando impor orçamentos de redução de déficit por meio de uma legislatura dividida em três blocos ideológicos distintos.
(Reportagem adicional de Alessandro Parodi)