Produção de açúcar do centro-sul despenca e fica no negativo pela 1ª vez na safra

Publicado 27.11.2024, 11:19
© Reuters. Colheita de cana em Piracicaban29/07/2010nREUTERS/Nacho Doce
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SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar do centro-sul do Brasil somou 898 mil toneladas na primeira quinzena de novembro, com recuo de quase 60% na comparação com o mesmo período do ano passado, deixando a fabricação do adoçante no acumulado da safra 2024/25 em queda na comparação anual pela primeira vez na temporada, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) nesta quarta-feira.

Na primeira quinzena de novembro de 2023, as usinas do centro-sul brasileiro tinham produzido 2,2 milhões de toneladas de açúcar.

Com a queda acentuada na comparação anual, a principal região produtora do mundo passou a ver uma redução de 3% na produção de açúcar acumulada na safra 2024/25, para 38,27 milhões de toneladas. Na temporada anterior, o país teve um volume recorde.

O recuo anual na produção era esperado em algum momento e acontece com uma menor oferta de cana, após a safra ter sido prejudicada pela seca, além de uma menor destinação da matéria-prima para a fabricação do adoçante, com o etanol retomando algum espaço.

A moagem de cana do centro-sul do Brasil somou 16,46 milhões de toneladas na primeira quinzena, baixa de 52,8%, enquanto no acumulado da safra o recuo é de 2,2%, para 582,6 milhões de toneladas.

Também foi a primeira vez na safra que a moagem acumulada ficou abaixo do mesmo período do ano passado, já que a maior parte das usinas antecipou o início de suas operações em 2024/25, enquanto a colheita se provou menor do que o imaginado no começo, já na parte final da temporada.

A Unica não costuma divulgar projeções de moagem. Na véspera, a StoneX estimou a moagem total da safra 2024/25 do centro-sul em 612,7 milhões de toneladas, queda de 6,4% ante 2023/24, que foi uma máxima histórica. Para o açúcar, a consultoria estima ao todo 39,9 milhões de toneladas.

No acumulado desde o início do ciclo 2024/2025 até a primeira quinzena, 65 unidades finalizaram as operações de moagem, versus 50 usinas no mesmo período da safra anterior.

Para o diretor de Inteligência Setorial da Unica, Luciano Rodrigues, além das unidades que tinham programado terminar a moagem mais cedo, pela menor oferta da matéria-prima, a condição climática desfavorável para colheita ocasionou paradas pontuais em toda região centro-sul no início de novembro e impactou o ritmo de processamento das empresas em operação.

Se a seca afetou a produtividade agrícola, tem colaborado para a concentração de açúcares.

O nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de novembro atingiu 133,09 kg de ATR por tonelada de cana, variação positiva de 0,63% ante o mesmo período do ano passado. No acumulado da safra, o indicador marca 142,31 kg de ATR por tonelada, índice levemente superior (1,22%) ao do ciclo anterior na mesma posição.

ETANOL

Além da queda na moagem, a redução na produção de açúcar foi afetada pela menor proporção de cana direcionada à fabricação do adoçante na quinzena, o que por sua vez beneficia a fabricação de etanol, que viu uma queda menor nos volumes na quinzena (-35,16%), mas ainda acumula aumento de 4,5% no acumulado da safra, notadamente por conta do crescimento da fabricação do biocombustível de milho.

Apenas 43% da cana foi utilizada para a fabricação do adoçante na primeira quinzena de novembro, contra cerca de 50% no mesmo período do ano passado, enquanto a fatia do etanol aumentou para 57%.

No período, a fabricação de etanol pelas unidades do centro-sul atingiu 1,06 bilhão de litros, enquanto no acumulado do atual ciclo agrícola totalizou 29,92 bilhões de litros.

© Reuters. Colheita de cana em Piracicaba
29/07/2010
REUTERS/Nacho Doce

Na primeira quinzena de novembro, as vendas de etanol pelas unidades produtoras totalizaram 1,45 bilhão de litros, alta de 13,30% em relação ao mesmo período da safra 2023/2024, com o combustível mais competitivo do que a gasolina no Brasil. No acumulado desde o início da safra, os totais cresceram 14,36%, para 22,32 bilhões de litros, segundo a Unica.

Para a entidade, apesar da expectativa de menor moagem de cana, a oferta de etanol se mantém "robusta", impulsionada por ganhos de eficiência, um mix mais alcooleiro, redução nas exportações e pelo crescimento contínuo da produção de etanol de milho.

(Por Roberto Samora e Gabriel Araujo)

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