BRASÍLIA (Reuters) - O presidente-executivo do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Paulo Caffarelli, afirmou nesta terça-feira que o movimento de redução dos juros bancários liderado pelos bancos públicos "já se mostrou que não é correto", acrescentando que o BB não está sofrendo pressão do governo federal para agir nesse sentido.
"Redução dos juros vai ocorrer de forma sustentável, não como foi no passado", disse o executivo em café da manhã com jornalistas. Ele projetou que o processo deverá ocorrer na esteira da queda da taxa básica de juros, a Selic. Ao ser questionado se os juros do cartão de crédito de fato cairão pela metade após o governo anunciar medida para limitar em até 30 dias o uso do rotativo, Caffarelli afirmou que o dia a dia vai mostrar se isso realmente vai ocorrer, mas acrescentou que ele acredita que sim. Caffarelli também afirmou que o plano do BB de alcançar um índice de capital principal de 9,5 por cento em janeiro de 2019 não conta com a necessidade de venda de ativos ou aporte da União. Ele ressalvou, contudo, que o BB pode vender negócios que não considera essenciais, como a fatia detida na Neoenergia e na fabricante de silos Kepler (SA:KEPL3) Weber.
Segundo Caffarelli, está afastada a chance de o banco se desfazer de ativos que geram receita e tarifas, descartando a venda de participação nas áreas de cartão e de gestão de recursos de terceiros.
Reiterando em diversos momentos que o foco atual do banco é no aumento da rentabilidade em detrimento da participação de mercado, o executivo disse que o BB quer aumentar o spread para ficar em linha com concorrentes privados.
"Nosso spread é cerca de 60 por cento do que é dos nossos concorrentes", disse.
Também presente no encontro, o vice-presidente de gestão financeira e relação com investidores do BB, José Maurício Coelho, afirmou que uma das formas de melhorar o spread é buscando melhores condições de captação.
Sem dar números, Caffarelli também disse que a carteira de crédito da instituição voltará a crescer no ano que vem, após retração neste ano. Ao comentar as perspectivas de crescimento para a economia no próximo ano, o presidente do BB previu que a retomada será mais vagarosa que o inicialmente estimado, sendo que a equipe econômica do banco agora prevê uma expansão de 0,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017.
(Reportagem de Marcela Ayres e Alonso Soto)