EUA sinalizam publicação de documento da Seção 301 sobre Brasil no diário oficial desta sexta
Investing.com – Os índices futuros de bolsas norte-americanas registravam pouca variação, com desempenho misto, na manhã desta segunda-feira, enquanto o petróleo devolvia parte dos ganhos iniciais, após os EUA atacarem instalações nucleares iranianas no fim de semana.
A reação de Teerã ainda é incerta, o que mantém os investidores em alerta quanto ao impacto potencial sobre o fornecimento global de energia.
Paralelamente, os agentes de mercado aguardam indicadores de atividade a serem divulgados ao longo do dia nos EUA. Por aqui, os investidores ficarão atentos a novas projeções para a economia brasileira colhidas na pesquisa semanal do banco central com analistas de mercado.
1. Futuros com pouca variação em Wall Street
Os futuros acionários nos EUA operavam com variações discretas, refletindo a cautela dos investidores diante das implicações dos ataques a instalações nucleares no Irã.
Às 8 h de Brasília, o Dow Jones recuava 0,04%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 variavam positivamente 0,08% e 0,05%, respectivamente, no mercado futuro.
Na sexta-feira, os principais índices de Wall Street encerraram em queda, pressionados pelos desdobramentos do conflito entre Israel e Irã e pela possibilidade de um envolvimento militar mais direto dos EUA.
Com o anúncio dos bombardeios a três instalações iranianas no sábado, o presidente Trump reduziu parte da incerteza que pairava sobre os próximos passos de Washington. A expectativa dos mercados agora gira em torno das consequências da ação para o sentimento dos investidores, a trajetória inflacionária e os rumos da política monetária americana.
2. Petróleo corrige após disparada inicial
O receio de uma interrupção no fornecimento de petróleo tem dominado as discussões entre operadores nas últimas sessões, especialmente diante da escalada nas hostilidades entre Israel e Irã. O Estreito de Hormuz, ponto crucial para o comércio global de petróleo, permanece no centro das atenções.
Analistas destacam que uma nova rodada de valorização do petróleo pode reavivar pressões inflacionárias, o que poderia levar o Federal Reserve a reavaliar o cronograma de eventuais cortes nas taxas de juros.
No momento da redação, os contratos futuros do Brent para agosto subiam 1,06%, cotados a US$ 76,27 o barril, enquanto os do West Texas Intermediate registravam a mesma variação, negociados a US$ 74,61. Ambos os contratos amenizavam os avanços mais expressivos registrados na abertura.
“O ataque a instalações nucleares iranianas no fim de semana elevou os riscos de fornecimento nos mercados de energia, sobretudo diante da incerteza quanto à possível retaliação por parte do Irã”, afirmou Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING, em nota a clientes.
3. Expectativa para reação de Teerã
O governo iraniano ainda não definiu publicamente sua resposta aos bombardeios americanos. Em comunicado, afirmou apenas que manterá todas as opções em aberto para defender sua soberania.
Além disso, a república islâmica aumentou os ataques aéreos contra Israel, intensificando um conflito que começou há 11 dias, quando forças israelenses lançaram uma ofensiva contra alvos nucleares iranianos.
Teerã qualificou o presidente Trump como um “apostador” e indicou que a ação do fim de semana ampliou a gama de alvos militares que poderão ser considerados legítimos em futuras retaliações. Trump, por sua vez, reacendeu a discussão sobre uma possível mudança de regime no Irã em publicação recente nas redes sociais.
Relatos da mídia local indicam que o Irã estuda a possibilidade de bloquear o Estreito de Hormuz, via essencial para o escoamento de petróleo e gás natural da região. Outras fontes mencionam potenciais ataques contra bases militares dos EUA no Oriente Médio.
Apesar da deterioração do quadro geopolítico, alguns analistas observam que a ofensiva americana retirou parte da ambiguidade que rondava a política externa de Trump em relação ao Irã.
“Com a incerteza parcialmente diluída, os eventos do fim de semana podem até ser interpretados como um fator neutro ou levemente favorável para os mercados”, escreveram analistas da Vital Knowledge em relatório distribuído nesta manhã. Eles ponderam, contudo, que “com a geopolítica deixando os holofotes, investidores ainda enfrentarão desafios associados a tarifas e política fiscal”.
4. Indicadores de atividade no radar
Na agenda econômica desta segunda-feira, os investidores observam atentamente a divulgação dos índices de gerentes de compras (PMIs) referentes a junho.
O PMI industrial da S&P Global deve recuar de 52,0 para 51,1, enquanto o PMI de serviços é projetado em 52,9, ante os 53,7 registrados no mês anterior.
Esses dados antecipam uma semana carregada de eventos econômicos relevantes, incluindo a divulgação do índice de confiança do consumidor na terça-feira e uma métrica de inflação acompanhada de perto pelo Federal Reserve, prevista para sexta-feira.
Nos últimos meses, a confiança dos consumidores americanos tem mostrado sinais de enfraquecimento, refletindo apreensão em relação aos efeitos da agenda tarifária de Trump sobre os preços e o crescimento. Apesar disso, a inflação tem se mantido moderada e as perspectivas para um arrefecimento nas tensões comerciais ganharam força após novas rodadas de diálogo entre EUA e China.
5. Boletim Focus no Brasil
Os investidores acompanharão logo mais a divulgação de novas projeções econômicas para o Brasil no boletim Focus do banco central, após o Comitê de Política Monetária (Copom) restringir ainda mais as condições financeiras no país, com um aumento da taxa básica de juro para 15% ao ano.
Na semana passada, os agentes do mercado revisaram ligeiramente suas estimativas para alguns dos principais indicadores econômicos de 2025 antes da elevação da Selic pelo banco central. A mediana das previsões para o IPCA, por exemplo, recuou de 5,44% para 5,25%, sinalizando expectativas de desaceleração inflacionária nos próximos trimestres, com a manutenção da taxa básica de juros em níveis elevados. No câmbio, a expectativa para o dólar ao fim de 2025 recuou de R$ 5,80 para R$ 5,77.