Preços do café sobem com imposição de tarifas pelos EUA ao Brasil, maior exportador
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em alta, mas distantes das máximas da sessão, após os Estados Unidos excluírem uma série de produtos brasileiros do tarifaço de 50%, com investidores à espera ainda da decisão sobre juros do Copom.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,22%, ante o ajuste de 14,151% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,52%, ante o ajuste de 13,457%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,64%, ante 13,611% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,76%, ante 13,734%.
As taxas futuras haviam registrado picos no início da tarde no Brasil, com investidores à espera das decisões sobre juros do Federal Reserve, às 15h, e do Banco Central do Brasil, após as 18h30. Os agentes monitoravam ainda notícias sobre o tarifaço dos EUA sobre os produtos brasileiros, cujo anúncio estava sendo esperado para sexta-feira.
Pouco depois das 15h, a Casa Branca informou que o presidente dos EUA, Donald Trump, havia assinado o decreto oficializando a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
Em reação, o dólar disparou ante o real e as taxas dos DIs voltaram a ganhar força, em uma primeira reação negativa à notícia.
Mas as informações de que os EUA haviam excluído uma série de produtos brasileiros do tarifaço fez o dólar despencar ante o real logo depois, com a moeda virando para o negativo, e as taxas dos DIs de alguns vencimentos também passarem a cair.
Após atingir 13,820% (+9 pontos-base) às 15h10, logo após o anúncio sobre o decreto, a taxa do DI para janeiro de 2033 despencou para 13,720% (-1 ponto-base) às 15h44, depois que começou a ser divulgada a lista de exceções.
Entre os produtos excluídos da tarifação estão suco de laranja, aeronaves civis e peças, celulose, produtos petrolíferos, fertilizantes, produtos de energia, ferro gusa e metais preciosos.
No entanto, carne e café -- dois produtos importantes da pauta exportadora do Brasil para os EUA – ficaram fora da lista de exceções.
Até o fechamento as taxas recuperaram parte do fôlego, mas ficaram distantes dos picos do dia, com investidores à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 97% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% na noite desta quarta-feira.
Na terça-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 96,22% de chances de manutenção da Selic, contra 2,85% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base.
A questão do tarifaço dos EUA sobre o Brasil acabou por ofuscar outro evento de importância no dia, a decisão do Fed sobre juros. A instituição manteve a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, mas a decisão de seus membros foi dividida (9 a 2).
Neste cenário, às 16h35 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 4 pontos-base, a 4,372%.