Taxas dos DIs curtos tendem a ceder na quinta-feira após comunicado dovish do BC

Publicado 07.05.2025, 21:03
Atualizado 07.05.2025, 21:05
© Reuters. Sede do Banco Central, em Brasílian17/12/2024nREUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

(Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo tendem a passar por ajustes de baixa nesta quinta-feira, após o comunicado de política monetária do Banco Central trazer elementos que podem ser considerados dovish (suaves com a inflação), avaliaram profissionais ouvidos pela Reuters.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa básica Selic em 50 pontos-base nesta quarta-feira, para 14,75% ao ano, mas indicou que o ciclo de altas pode estar encerrado.

Ainda que não tenha se comprometido de fato com isso, deixando a porta aberta para uma elevação adicional de 25 pontos-base em junho, o BC trouxe em seu comunicado fatores que justificariam o fim do ciclo, avaliou Marcelo Fonseca, economista-chefe da Reag Investimentos.

“O comunicado deixa uma mensagem clara de que o Copom está bastante inclinado a interromper o ciclo de alta. Porque ele comenta a respeito da necessidade de se avaliar os efeitos acumulados da política monetária, indicando que ainda tem efeito de juros para aparecer na economia”, afirma Fonseca. “E o BC reconheceu que o juro está em um patamar contracionista.”

Fonseca e outros profissionais chamaram atenção ainda para o fato de, desta vez, o balanço de riscos para a inflação formulado pelo BC ser simétrico, inclusive com o acréscimo de um risco baixista para os preços.

“Em março colocavam que o balanço de riscos da inflação brasileira tinha assimetria altista”, lembrou Alexandre Maluf, economista de inflação da XP (BVMF:XPBR31). “Nesta reunião, ele (o Copom) coloca elementos tanto de baixa quanto de alta, de maior intensidade, e nos componentes destaca três riscos de alta e três de baixa -- inclusive eles incluem, neste balanço de riscos, uma redução de preços das commodities, como efeito desinflacionário aqui no Brasil.”

Para Flávio Serrano, economista-chefe do Bmg, dado o balanço de riscos neutro do comunicado desta quarta-feira, há tendência de elevação das apostas, na quinta-feira, de que o Copom manterá a Selic em 14,75% em junho, confirmando o fim do ciclo.

“Isso significa uma tendência de baixa na ponta curta (da curva a termo na quinta), ainda que possa não mudar muito. A Selic ficará em 14,75% ou 15,00% (no fim do ciclo)”, pontuou.

Serrano ponderou ainda que, nesta quarta, as taxas na ponta curta da curva tiveram altas, o que deixaria espaço para ajustes em baixa na quinta.

Na terça-feira -- atualização mais recente – o mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3) já precificava 53,00% de probabilidade de o Copom manter a Selic em junho, contra 33,50% de chances de elevação de 25 pontos-base e 11,00% de probabilidade de nova alta de 50 pontos-base -- neste terceiro caso, uma alternativa que parece mais distante ainda após o comunicado desta quarta.

“A decisão de hoje (quarta-feira) tem efeito sobre a curva, porque parte do mercado precificava uma alta de 25 pontos-base (em junho). A ponta curta deve tirar boa parte desta precificação”, afirmou Fonseca, da Reag.

Para o JPMorgan (NYSE:JPM), embora o BC ainda possa elevar a Selic em 25 pontos-base em junho, a expectativa é de que o último aumento da taxa básica seja, de fato, o desta quarta-feira.

"Antecipamos que a taxa básica permanecerá em 14,75% até novembro deste ano, quando esperamos que a desaceleração econômica e as perspectivas desinflacionárias permitam ao BCB iniciar o processo de cortes nos juros", avaliou a instituição.

Já a ponta longa da curva tende a ficar mais sujeita à influência dos Treasuries, conforme alguns profissionais, após o Federal Reserve ter mantido sua taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, indicando -- assim como o BC brasileiro -- cautela nos próximos passos.

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