Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de veículos novos no Brasil devem subir 14,7% este ano, para 2,65 milhões de unidades, disse nesta quarta-feira o presidente da associação de concessionários Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, acrescentando que as estimativas poderão ser revistas nos próximos meses.
O percentual é superior à projeção anterior da entidade, divulgada em janeiro, de crescimento de 12% nos emplacamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, para 2,59 milhões de unidades.
Segundo Andreta Júnior, a nova previsão é baseada em um movimento sazonal, uma vez que o mercado costuma crescer 30% no segundo semestre em relação aos primeiros seis meses do ano.
A expectativa de avanço este ano para todos os segmentos cobertos pela associação também foi elevada -- de 13,5% para 16,7%.
No entanto, a entidade espera voltar a se debruçar sobre esses números em outubro, podendo haver uma revisão tanto para cima quanto para baixo, disse o executivo a repórteres.
"Tem muita coisa acontecendo, e nós queremos dar a previsão mais assertiva possível", afirmou o presidente, citando entre as incertezas os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul.
O Estado gaúcho representa cerca de 4% a 5% do volume nacional do setor, segundo a Fenabrave.
Os segmentos que tiveram aumento na previsão foram carros e comerciais leves (de 12% para 15%), caminhões (de 10% para 12%), e motocicletas (de 16% para 20%). Para implementos rodoviários, a previsão permaneceu em +10%. Já para ônibus, a expectativa agora é de estabilidade, ante alta esperada de 20%.
Segundo o presidente da associação, a mudança acentuada na previsão para ônibus se deu pela quebra de expectativas em torno do programa do governo Caminho da Escola, que envolvia a liberação de crédito para a compra de ônibus escolares.
"O dinheiro foi disponibilizado, porém, as prefeituras não tomaram esse dinheiro... por quê? Ano político, ano de eleição, você tem licitações que não podem ser licitadas."
"Estamos reconsiderando, porque não aconteceu", disse. Segundo o executivo, a esperança é de que esse crédito passe a ser consumido e que haja uma retomada após as eleições no país.
Apenas em junho, o segmento de ônibus registrou alta de 27,87% nas vendas ante maio, para 2.152 unidades, mas no comparativo anual o avanço foi modesto, de 1,75%, segundo dados da entidade divulgados nesta quarta-feira.
Caminhões somaram 9.663 emplacamentos, crescimento de 3,25% na base mensal e de 25,31% na base anual.
Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus subiram 13,09% em relação ao mesmo mês do ano passado, para 214.289 unidades, com acréscimo de 10,32% versus maio.
No acumulado do primeiro semestre, esses licenciamentos somaram 1,14 milhão de unidades, crescimento de 14,59% na comparação com o mesmo período em 2023.
Considerando todos os segmentos apurados pela Fenabrave, incluindo motocicletas e implementos rodoviários, o crescimento em junho foi de 14,84% versus o mesmo mês do ano passado, para 400.152 unidades. Em relação a maio, a alta foi de 6,27%.
O cenário, afirmou a associação em coletiva de imprensa, é apoiado por um ambiente de juros estável, queda de inadimplência e inflação controlada, o que contribui para a oferta de crédito.
Em comunicado separado, a Fenabrave destacou também o programa Mover, do governo federal, sancionado no mês passado, que "deverá impulsionar os lançamentos de veículos e novas tecnologias no país, o que promete estimular as vendas".