Os shoppings brasileiros tiveram uma baixa no número de lojas em agosto. O saldo de estabelecimentos fechados e abertos terminou o mês no negativo. Foram 127 lojas descontinuadas nos centros comerciais, segundo um relatório do Bank of America (NYSE:BAC). Eis a íntegra (em inglês, PDF – 7 MB)
No acumulado do ano, 363 lojas foram fechadas. Empresas de varejo foram as mais afetadas. A Polishop descontinuou 22 pontos de vendas e lidera o ranking. A marca de itens retrô e estilizados Imaginarium fica em 2º lugar com 18 fechamentos. Em seguida estão Piticas (15) e Maybeline (14).
O levantamento do Bank of America analisou 146 shoppings com cerca de 28.000 lojas. Incluem nomes como Iguatemi (BVMF:IGTA3) e Multiplan (BVMF:MULT3). A instituição financeira disse não haver dados referentes ao ano de 2022. Nesse caso, não dá para saber se a situação quanto ao fechamento de lojas está melhor ou pior na comparação anual.
Leia o ranking das empresas que mais fecharam lojas em shoppings em 2023:
Muitas dessas empresas se encontram em processos de mudança:
- Polishop – passa por uma reestruturação. As vendas de itens domésticos diminuíram desde 2021 e a estratégia é cortar gastos para retomar a rentabilidade;
- Imaginarium – é ligada a Americanas (BVMF:AMER3), em recuperação judicial desde janeiro depois de revelar um rombo de R$ 40 bilhões nos balanços financeiros. A empresa já iniciou tratativas para tentar vender a loja parceira;
- Saraiva (BVMF:SLED4) – o setor de livrarias ficou prejudicado ao longo dos últimos anos. Precisaram lidar com a concorrência no meio digital em plataformas como Amazon (NASDAQ:AMZN), que oferecem livros com descontos para atrair mais clientes. Em setembro, a corporação encerrou todas as lojas físicas;
- Marisa – a companhia também está em reestruturação para corte de gastos. Em julho, anunciou que o objetivo é encerrar a operação de 88 lojas.
O setor de varejo tem sido um dos mais afetados pelos juros altos. As taxas elevadas diminuem o poder de compra da população e, consequentemente, as vendas das empresas do ramo.
Os cortes na Selic aparentam não ser suficientes para reverter os resultados. O Copom (Comitê de Política Monetária) realizou duas reduções de 0,5 ponto percentual na taxa básica, que está em 12,75% ao ano. O ritmo deve seguir dessa forma.
O varejo também sofreu com o impacto do rombo das Americanas no começo do ano. Os bancos se mostraram mais resistentes à concessão de crédito por desconfiarem de possíveis calotes dos segmentos.
Para as marcas de moda, as vendas foram menores que o esperado nas coleções de verão. Não conseguiram quitar as dívidas adquiridas no período da pandemia, que precisaram tomar para continuar em operação. Além disso, precisam concorrer com lojas estrangeiras que vendem roupas com preços mais baratos.