BRASÍLIA (Reuters) - A empresa farmacêutica brasileira que planeja produzir a vacina russa contra a Covid-19, a Sputnik V, anunciou nesta terça-feira que espera superar os obstáculos regulatórios "em dois ou três" dias para obter a autorização para fabricar e vender o imunizante no Brasil.
Após videoconferência de 5 horas com executivos da União Química e membros do Instituto Gamaleya de Moscou, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que ainda faltam informações para aprovar a vacina.
"A Anvisa ainda exige alguns esclarecimentos de Moscou do teste de Fase 3. Esperamos satisfazer em dois ou três dias", disse o presidente e proprietário da empresa, Fernando Marques, à Reuters.
A União Química solicitou a autorização de uso emergencial há mais de dois meses e Marques reclamou que "interesses políticos" haviam atrasado o processo de aprovação para a vacina que está sendo utilizada na Rússia e em outros 40 países.
Marques disse que a empresa ainda espera iniciar a produção da vacina em abril em sua fábrica em Brasília, mas uma remessa oferecida por Moscou de 10 milhões de doses foi perdida.
Com o Brasil em necessidade urgente de vacinas para combater a pandemia descontrolada de Covid-19 que tornou o país o epicentro mundial da doença, uma outra fonte de doses tem sido buscada pelos governos estaduais, descontentes com o lento programa de vacinação federal.
Até agora, menos de 8% da população de 210 milhões recebeu a primeira dose da vacina, e menos de 3% tomou as duas doses, enquanto as mortes por Covid-19 dispararam para o nível mais alto de toda a pandemia nas últimas duas semanas, impulsionadas por uma contagiosa nova variante local.
A Anvisa disse em nota que a reunião lidou com questões "críticas" que ainda não foram respondidas pelos desenvolvedores da Sputnik V, incluindo os resultados completos dos estudos de estágio avançado na Rússia e o acesso ao banco de dados de estudos sobre o imunizante.
A agência também quer detalhes referentes ao controle de qualidade da produção na Rússia, embora tenha certificado a linha de produção baseada em um relatório turco elaborado para outro produto.
(Reportagem de Anthony Boadle)