Por Bernardo Caram e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -Em busca de votos para o segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) quer anunciar nos próximos dias o pagamento de 13º para mulheres chefes de família beneficiárias do Auxílio Brasil, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
Nesta segunda-feira, o governo Bolsonaro já anunciou uma antecipação do calendário do auxílio, garantindo que os pagamentos regulares deste mês sejam completados antes do segundo turno das eleições, que acontece em 30 de outubro, para todos os beneficiários.
A iniciativa de conceder um pagamento extra focado do auxílio, com o 13º, alcançaria diretamente públicos que têm resistência mais forte a Bolsonaro: mulheres e famílias de renda mais baixa.
Uma das fontes, que falou sob condição de anonimato porque as discussões são privadas, disse que a ideia é que o benefício tenha validade a partir de 2023, ponderando que o tema ainda está em discussão e passa por análise interna no governo.
Em 2019, o governo chegou a implementar por meio de Medida Provisória a décima terceira parcela para todos os beneficiários do Bolsa Família, mas a iniciativa teve validade apenas naquele ano. Hoje, com o programa substituído pelo Auxílio Brasil, que tem um valor maior, não existe o pagamento desse benefício adicional.
A medida avaliada por Bolsonaro segue lógica similar à usada pelo governo durante a pandemia de Covid-19, quando mulheres chefes de família tiveram direito a receber o Auxílio Emergencial em valor mais alto.
Até o segundo turno, Bolsonaro também aposta em um reforço na liberação do crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, segundo uma das fontes. Na semana passada o governo regulamentou a medida, que prevê que os juros não podem ser superiores a 3,5% ao mês.
O presidente, segundo essa fonte, está de olho em ampliar no segundo turno a votação entre os mais pobres, fatia que deu expressivo apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no domingo.
Integrantes da cúpula da campanha defendem que Bolsonaro, para tentar virar a disputa sobre Lula, busque postura mais propositiva nas próximas semanas, focando na melhora de indicadores da economia e ações do governo para melhorar a vida da população, disse a fonte.
CALENDÁRIO ANTECIPADO
Pela medida publicada nesta segunda-feira, após o presidente Jair Bolsonaro ter ficado atrás do ex-presidente Lula na primeira etapa da eleição, todos os beneficiários do Auxílio Brasil receberão o pagamento de outubro até cinco dias antes do segundo turno.
A mudança de data foi feita apenas para o mês de outubro, não havendo nenhuma alteração em períodos seguintes.
Originalmente, os repasses do auxílio de outubro seriam feitos de forma escalonada entre os dias 18 e 31 de outubro. Ou seja, parte dos beneficiários só teria acesso aos recursos após o segundo turno das eleições, marcado para o dia 30.
Agora, pela nova regra, os pagamentos ocorrerão de 11 de outubro a 25 de outubro, terça-feira anterior à votação.
A instrução normativa do Ministério da Cidadania foi assinada na sexta-feira e publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira.
O Auxílio Brasil foi criado pela gestão Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família, que era considerado uma marca das gestões petistas. Durante a campanha, o presidente tem repetido que o atual governo ampliou os repasses aos mais pobres, em comparação com as gestões do PT.
O pagamento médio do auxílio foi elevado temporariamente de 400 reais para 600 reais em agosto. O valor adicional está programado para ser pago até dezembro, mas tanto Bolsonaro como Lula já anunciaram que pretendem manter os 600 reais no ano que vem.
(Edição de Isabel Versiani)