BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro se eximiu nesta quinta-feira da responsabilidade pela inflação no país, mas reconheceu que o acumulado de quase 9% em 12 meses é um "número grande" e disse que medidas têm sido tomadas para combater a alta de preços.
Bolsonaro disse conversar com frequência com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto. Argumentou ainda que a adoção do isolamento social como instrumento de prevenção à disseminação da Covid-19 por Estados e municípios prejudicou a economia e consequentemente teve reflexos na inflação.
"Não queiram que o governo federal resolva tudo, não dá para resolver", disse o presidente em sua transmissão semanal ao vivo em rede sociais, ao comentar a alta de combustíveis.
"No mais, estamos tendo inflação? Sim. E é no mundo todo", afirmou.
Ao comentar o que chama de política do "fique em casa, a economia a gente vê depois", Bolsonaro argumentou que agora "chegou a conta".
"Querem que agora a gente faça milagre?", questionou. "Tenho conversado com o Paulo Guedes muito sobre esse assunto, algumas medidas estão sendo tomadas para combater a inflação."
Dentre as providências de combate à inflação, o presidente citou a aprovação de projeto no Parlamento que conferiu autonomia ao Banco Central, que, por sua vez, na intenção de conter o avanço de preços, aumentou a taxa Selic. Também citou a participação da Caixa Econômica Federal no financiamento da agricultura familiar.
"Nós combatemos a inflação com mais produção. Não tem outro caminho", afirmou, descartando ainda medidas como congelamento de preços ou proibição de exportações.
A inflação oficial brasileira acelerou com força em julho e atingiu o nível mais alto para o mês em quase 20 anos, ainda sob intensa pressão dos preços da energia elétrica e levando a taxa acumulada em 12 meses a encostar em 9%, enquanto o Banco Central intensifica o aperto monetário.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)