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Charge: como a Índia reagirá ao escândalo financeiro do homem mais rico da Ásia?

Publicado 02.02.2023, 23:02
Atualizado 03.02.2023, 11:56
© Investing.com

Por Geoffrey Smith

Investing.com – Os mercados de capitais da Índia, e talvez todo o modelo de crescimento do país, estão passando por um momento decisivo.

Gautam Adani, que, no papel, era considerado o homem mais rico da Ásia até a semana passada, é acusado de cometer o “maior golpe da história corporativa”, usando extrema alavancagem financeira e uma rede de empresas de fachada em paraísos fiscais para manipular o valor das companhias do seu grupo.

Adani, naturalmente, contesta essas alegações, mas quem o acusa – a gestora Hindenburg Research, de Nathan Anderson, conhecida por suas operações de venda a descoberto – tem um histórico bastante satisfatório de identificar fraudes corporativas (como Nikola e Lordstown Motors), a ponto de fazer o mundo prestar atenção em suas apostas.

E é justamente isso o que está acontecendo. A holding do bilionário, Adani Enterprises (NS:ADEL), e suas afiliadas de capital aberto viram evaporar mais de 100 bilhões de dólares do seu valor de mercado, o que levou o Reserve Bank da Índia a avaliar o risco sistêmico da situação, pedindo que os bancos informassem sua exposição ao grupo, enquanto o parlamento foi fechado em meio a cenas de truculência, após o governo rechaçar uma demanda da oposição de debater a questão, temendo o embaraço que isso poderia causar ao primeiro-ministro Narendra Modi. Adani fez fortuna assumindo grandes dívidas para desenvolver setores priorizados pela ambiciosa agenda de crescimento de Modi, com destaque para os setores de energia e transportes.

A volatilidade dos mercados foi suficiente para frustrar um plano de oferta de ações de 2,4 bilhões de dólares da Adani Enterprises, capaz de solucionar algumas das preocupações da Hindenburg a respeito do excessivo endividamento, caso tivesse ido para frente, ainda que a um preço que a Hindenburg classificaria como criminalmente manipulado.  

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O resultado do cancelamento abalou as ações da Adani Enterprises, que recuaram mais 25% no pregão de quinta-feira em Mumbai, fazendo com que as perdas totais se aproximassem de 60% desde a publicação da Hindenburg.

Mas quem decidirá o que vai acontecer a partir de agora são os mercados de dívidas. Os títulos possuem datas rígidas de pagamento, e um elemento-chave das descobertas da Hindenburg é que cinco das sete empresas listadas da Adani não têm caixa nem ativos líquidos suficientes para cobrir as dívidas que vencerão no próximo ano.

Quatro das sete companhias também têm fluxos de caixa livre negativos, ou seja, sua situação está ficando pior.

A inadimplência em relação a quaisquer dos títulos das empresas do portfólio poderia ter efeitos fatais sobre a dívida das afiliadas.  

Ainda não se sabe o que acontecerá com suas dívidas, mas a reação dos mercados acionários sugere que os agentes locais acreditam que os prejuízos serão absorvidos pelas instituições financeiras que fizeram empréstimos para a Adani nos últimos anos. Além das próprias empresas da Adani, foram registradas fortes perdas nas ações do State Bank Of India (NS:SBI), com uma exposição estimada em 2 bilhões de dólares, bem como da seguradora HDFC Life (NS:HDFL), na semana passada.

De acordo com uma matéria da Bloomberg, na quinta-feira, as operações de gestão de patrimônio do Credit Suisse (SIX:CSGN) e do Citigroup (NYSE:C) deixaram de aceitar os títulos relacionados à Adani como garantia de empréstimos para seus clientes. Outras notícias sugerem que o próprio Adani estava em tratativas para acelerar o pagamento de ações fornecidas como garantia, visando aumentar a confiança.

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Infelizmente, a maior parte da resposta da Adani teve o efeito oposto. Um documento de 413 páginas respondendo aos questionamentos da Hindenburg, ao mesmo tempo em que carecia de esclarecimentos, estava repleto de cortina de fumaça.

O mais revelador é que a empresa apelou ao establishment financeiro e político indiano em busca de apoio, com um alerta não muito sutil para os perigos da falta de união, classificando o relatório da Hindenburg como "não apenas um ataque injustificado a qualquer empresa específica, mas um ataque calculado à Índia, à independência, à integridade e à qualidade das instituições indianas, bem como à história de crescimento e à ambição do país”.

Quando empresas começam a aflorar seu ufanismo e atrelar seu destino ao do próprio país, é quase certo que se trata de um sinal de fraqueza. Na verdade, não se trata tanto de um ataque à Índia, mas de um teste de vital importância para o país. Ele não pode permitir que suas instituições usem o preconceito e o favoritismo para defender algo que pode não valer a pena.

Se a Adani estiver certa de que seus fluxos de caixa estão saudáveis, da mesma forma que suas perspectivas, então a verdade acabará prevalecendo, suas ações e títulos se recuperarão e a Hindenburg – em conjunto com todos os que a seguem cegamente sem fazer sua própria pesquisa – perderá dinheiro.

Se, no entanto, a Adani acabou se excedendo, a melhor coisa para a reputação financeira da Índia – e sua capacidade de atrair capital – é reestruturar suas dívidas com celeridade e transparência, mesmo que ao custo das carreiras de alguns banqueiros e políticos.

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Talvez a Índia precise das lições da empresa alemã de pagamentos Wirecard: seu colapso abalou a confiança nos órgãos reguladores do sistema financeiro do país, dos executivos das bolsas de valores, dos banqueiros e da mídia, na medida em que se deixaram levar por uma falsa narrativa de  que estrangeiros perversos estariam querendo derrubar uma corajosa história de sucesso local.  

Como a própria Hindenburg aponta: “A Índia é uma democracia vibrante e uma superpotência emergente com um futuro brilhante”.

Uma resolução transparente e justa dos problemas da Adani daria à Índia um mercado de capitais digno desse status.

Últimos comentários

Perfeito! Adriano.
As fraudes pipocam o tempo todo no mercado financeiro, muda o pais mas o modis são os mesmos. Os governos sempre absorvem esses rombos e quem paga é a população. Ainda tem gente que acha que se deixar tudo na mão do setor privado vai ser uma maravilha. Só os recentes a construtora na China, o Banco na Suíça, a Americanas no Brasil, agora o Indiano e aos poucos vai se abafando os bancos absorvem e os governos repõem com dinheiro que veio dos mais pobres.
3g Indiano
E aqui batem insistentemente na tecla de crescimento, sem dar a mínima para o fiscal. Ainda tem gente que acha que está no caminho certo.
Lemann indiano
Na vida real o mocinho nunca vence, o vilao ratamente se da mau
Eita que o mundo financeiro esta de cabeca para baixo
ninguém fica bilionário trabalhando.
O trio brasileiro fazendo escola?...
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