Demanda estrangeira por ativos dos EUA diminuirá, a menos que dólar recue mais, diz Goldman Sachs

Publicado 30.04.2025, 08:34
Atualizado 30.04.2025, 08:35
© Reuters. Imagem ilustrativa de notas de dólaresn12/02/2018nREUTERS/Jose Luis Gonzalez

Por Saeed Azhar e Davide Barbuscia

NOVA YORK (Reuters) - O apetite dos investidores estrangeiros por ativos dos Estados Unidos pode diminuir, a menos que o dólar se desvalorize ainda mais, disse o economista-chefe do Goldman Sachs (NYSE:GS), Jan Hatzius, alertando que uma trajetória descendente é esperada mesmo na ausência de uma desaceleração econômica significativa.

"O dólar ainda está muito valorizado... Espero que os investidores estrangeiros estejam menos dispostos a continuar aumentando a participação dos EUA em seus portfólios", disse Hatzius em uma entrevista.

Hatzius disse que, embora os EUA mantenham vantagens importantes, como tendências de produtividade mais altas em comparação com a Europa, o desempenho relativo do país está começando a se desgastar, e isso provavelmente se mostrará mais claramente nos mercados de câmbio.

Os EUA têm um déficit em conta corrente de mais de um trilhão de dólares, o que significa que o país depende da demanda externa para financiar seu déficit comercial, disse Hatzius.

Porém, com a participação dos ativos dos EUA nos portfólios de investidores estrangeiros já em níveis elevados, será difícil sustentar as necessidades de financiamento sem uma desvalorização do dólar, disse ele.

O índice do dólar caiu cerca de 9% desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, uma vez que os planos do governo de impor tarifas sobre os parceiros comerciais abalaram os investidores e prejudicaram os mercados financeiros.

A possibilidade de contração da economia dos EUA ganhou força no mercado nos últimos meses devido às políticas protecionistas de Trump, mas Hatzius disse que o dólar deve cair mesmo sem uma recessão nos EUA.

"Se a economia desacelerar mais e o (Federal Reserve) reduzir mais a taxa de juros, isso contribuiria para o caso... mas não estou defendendo a desvalorização do dólar com base em uma previsão de recessão ou em cortes muito agressivos de juros, acho que haverá uma desvalorização do dólar mesmo que os cortes sejam relativamente moderados."

Hatzius disse que o Fed poderia estar em posição de cortar a taxa de juros já na próxima semana, quando ocorrerá sua reunião de política monetária, se o banco central dos EUA não tivesse sido limitado pelo impacto inflacionário das tarifas.

"Se não fosse pelo fato de que esse choque negativo no crescimento está ocorrendo juntamente com um choque positivo na inflação, eles (Fed) já estariam pensando em cortar", disse Hatzius.

Na semana passada, as autoridades do Fed levantaram a possibilidade de o banco central dos EUA estar aberto a reduzir os juros nos próximos meses se o impacto inflacionário das tarifas for temporário.

Essas falas foram feitas após um discurso do chair do Fed, Jerome Powell, neste mês que deixou os investidores preocupados com a possibilidade de o banco central relutar em reduzir os juros. 

O Goldman Sachs espera uma contração no crescimento econômico do primeiro trimestre dos EUA, mas não está projetando uma recessão para este ano, embora Hatzius tenha dito que as previsões econômicas são difíceis devido à alta incerteza contínua sobre as tarifas.

A estimativa antecipada do Produto Interno Bruto para o primeiro trimestre será divulgada na quarta-feira e deverá mostrar uma desaceleração acentuada para 0,3%, de 2,4% no quarto trimestre, de acordo com uma pesquisa da Reuters.

O Goldman espera que o crescimento econômico dos EUA desacelere para 0,5% no quarto trimestre, em relação ao ano anterior. O banco espera três cortes nos juros, de 25 pontos-base cada, em junho, julho e setembro.

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