Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou apenas em leve queda nesta terça-feira, defendendo a linha dos 5,40 reais e anulando quase toda a baixa de mais cedo, conforme a moeda norte-americana também deixou as mínimas do dia ante rivais no exterior, numa evidência do sentimento ainda inclinado a ativos seguros.
O dólar à vista caiu 0,12%, a 5,4195 reais na venda, bem distante do patamar de 5,3656 reais de mais cedo, quando recuou 1,11%. Na máxima, foi a 5,4323 reais, alta de 0,12%.
O dólar saiu das mínimas também contra alguns pares do real e inclusive se fortalecia no fim da tarde ante peso mexicano, lira turca e peso colombiano, enquanto ainda caía em comparação à moeda do Chile e ao rand sul-africano.
Apesar do pregão mais positivo nas praças acionárias --o Ibovespa subiu mais de 1% e Wall Street (NPT) teve um rali--, investidores em moedas emergentes ainda ficaram sob cautela à espera de várias decisões de política monetária em mercados centrais.
Na quinta-feira, por exemplo os BCs da zona do euro e do Japão informarão suas decisões de juros, com expectativa de que na Europa a taxa seja elevada pela primeira vez em cerca de uma década.
Já na semana que vem o foco total se voltará para o banco central norte-americano, que deve seguir elevando a taxa a um incomum ritmo de 0,75 ponto percentual para frear uma inflação que insiste em se manter nos picos em cerca de 40 anos.
Juros mais altos no mundo desenvolvido reforçam a atração de capital para moedas como dólar e euro em detrimento de divisas emergentes, como o real. O euro, por sinal, saltou 0,8% nesta terça, alcançando 1,02 dólar.
"Acho que as pressões que elevaram o dólar não parecem estar perto de ir embora", disse o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo. "E o que temos para frente é mais incerteza", completou.
Ilustrando a maior demanda pela segurança da moeda dos Estados Unidos, investidores estrangeiros compraram em termos líquidos o equivalente a 2,15 bilhões de dólares em derivativos de taxa de câmbio na bolsa brasileira em julho até dia 18.
Mantido o ritmo, julho será o quinto mês em que os não residentes adicionam à sua carteira posições que ganham com a valorização do dólar.
E uma pesquisa do BofA (NYSE:BAC) com gestores apontou deterioração no cenário para o real nos próximos meses, depois de melhora em junho. Quase 50% dos consultados esperam que o dólar termine o ano entre 5,11 e 5,40 reais. No mês passado, cerca de 55% projetavam a taxa entre 4,81 e 5,10 reais.
(Edição de André Romani)