Por Laura Sanchez
Investing.com – “Já foi a época em que os juros baixos eram capazes de alimentar sonhos de um mundo harmônico, construído sobre a base da energia renovável, da igualdade e de bancos centrais independentes. Em 2023, as economias mundiais entrarão em ‘modo de guerra’, em que a globalização cederá espaço para a autossuficiência e a soberania nacional.” Essa é a ênfase com que o Saxo Bank descreve a perspectiva para o próximo ano em seu relatório sobre “cisnes negros”, que acaba de ser publicado.
Cisnes negros são eventos aparentemente imprevistos que têm grande impacto socioeconômico e, depois de ocorridos, passam a ser analisados, mostrando que havia sinais de que poderiam ter sido antecipados.
Apresentamos a seguir as 10 previsões “malucas” do banco dinamarquês:
1. Coalizão entre bilionários cria novo “Projeto Manhattan” para a energia
A necessidade energética cada vez maior do mundo faz com que as pessoas mais ricas do planeta se unam e lancem um projeto de P&D de dimensões inéditas desde o Projeto Manhattan, que deu aos EUA a primeira bomba atômica.
2. Presidente francês, Emmanuel Macron, renuncia ao cargo
O impasse político na França e a ascensão de Marine Le Pen, após as eleições de 2022, encurralam o presidente Macron, forçando-o a deixar a política e renunciar ao cargo.
3. Ouro dispara para US$ 3000 após bancos centrais não conseguirem controlar a inflação
À medida que os mercados e os bancos centrais se dão conta de que a inflação não é transitória e que preços mais altos chegaram para ficar, o ouro dispara e alcança o preço de US$ 3000 por onça-troy.
4. A União Europeia cria as suas próprias forças armadas
Diante da continuidade dos desafios na região e da reticência dos militares americanos em exercer seu tradicional papel de proteção do planeta, a União Europeia concorda em criar suas próprias forças armadas para se defender contra diversos riscos geopolíticos, como a guerra russo-ucraniana.
5. Um país concorda em proibir toda a produção de carne até 2030
Em um esforço para se tornar um dos líderes mundiais contra as emissões de carbono, um país decide não só impor pesados impostos sobre a carne, como também proibir completamente sua produção interna.
6. Reino Unido realiza outro referendo contra o Brexit
Após uma recessão e grande pressão interna, o Reino Unido entra em um turbilhão político que se encerra com uma votação para reverter o Brexit.
7. Controles gerais de preços para limitar a inflação oficial
A história nos mostra que, com a economia de tempos de guerra, surgem racionamentos e controles de preços. E desta vez não é diferente, com as autoridades estabelecendo rígidos controles de preços, o que acaba gerando diversas consequências imprevistas.
8. Opep+ e “Chíndia” deixam o FMI e resolvem negociar novos ativos de reserva
As sanções contra a Rússia gerou uma turbulência geral motivada pelos movimentos do dólar em vários países do mundo que não consideram os EUA como um aliado. Para se livrarem disso, eles saem do FMI e criam um novo ativo de reserva.
9. Câmbio dólar/iene é fixado em US$ 200, enquanto Japão revisa seu sistema financeiro
Após os desafios enfrentados pelo iene em 2022, o Banco do Japão tenta evitar uma queda maior da sua moeda. Sem um sucesso duradouro, o país lança uma reforma de todo o seu sistema financeiro. O USD/JPY sobe para US$ 160 e 170, ao mesmo tempo em que o público protesta contra a disparada da inflação. Com o USD/JPY superando a marca de US$ 180, o governo e o banco central intervêm e definem um teto de US$ 200.
10. Proibição de paraísos fiscais aniquila capital privado
A economia de guerra traz um foco maior nos interesses nacionais e na capacidade de os países se afirmarem. Nesse sentido, a OCDE direciona sua atenção aos paraísos fiscais, proibindo sua existência.