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Endividamento público dos EUA pressiona os juros, diz ex-presidente do Fed de Dallas

Publicado 01.11.2023, 10:38
Atualizado 01.11.2023, 12:19
© Reuters

Investing.com - A expectativa de juros mais altos no longo prazo provocou uma queda histórica nos títulos do Tesouro dos EUA no mês passado, mas outro fator deve manter as taxas em alta: a política fiscal americana.

É o que defende Richard Fisher, ex-presidente do Federal Reserve de Dallas, para quem o enorme endividamento público do país, necessário para financiar grandes gastos, será a causa da elevação dos rendimentos dos títulos.

“O que está elevando os juros e os manterá altos por mais tempo é a nossa política fiscal”, declarou à CNBC na terça-feira. “O financiamento diário para os próximos 90 dias, enquanto entramos no último trimestre do governo americano, é de US$ 8,66 bilhões por dia. Por dia. Esses números se tornaram assustadoramente altos.”

“É simplesmente impossível desafogar este mercado que depende tão fortemente da emissão de novos títulos, novos títulos e mais novos títulos”, acrescentou.

O crescente acúmulo da dívida americana é uma preocupação crescente para os investidores que temem o que a explosão do déficit significa para a estabilidade no longo prazo da economia americana.

O aumento das taxas de juros apenas agrava o problema do crescimento da dívida, pois os custos de financiamento aumentam no contexto da luta contra a inflação liderada pelo Federal Reserve. Além disso, o Tesouro emite mais títulos em um momento em que o número de potenciais compradores é potencialmente mais limitado, outro fator que pode pressionar os preços e manter os rendimentos em alta.

“Acho que o Fed está em boa posição, ele não é o problema”, continuou Fisher. “São as autoridades fiscais que estão fora de controle. E enquanto isso for o caso, viveremos em um mundo de 5%.”

A oferta raramente é uma grande preocupação para os papéis do governo americano, que representam o mercado de títulos mais importante e líquido do mundo. No entanto, o economista-chefe da T. Rowe Price para a Europa declarou recentemente que o mercado está entrando em um novo mundo onde a oferta é realmente uma preocupação. Isso porque os principais compradores de títulos - os bancos centrais - estão se retirando.

Como Fisher mencionou, se os Estados Unidos continuarem a tomar dinheiro emprestado, o excesso de oferta no mercado de títulos eventualmente pressionará os preços, elevando os juros.

Isso criaria um ciclo vicioso: aumento da dívida e pagamentos de juros, o que significaria que o governo teria que gastar mais para atender sua dívida.

Atualmente, os Estados Unidos estão a caminho de atingir uma relação dívida/PIB recorde de 107% até 2029. Alguns também alertaram recentemente que uma escassez de compradores poderia levar ao fracasso dos leilões de títulos do Tesouro americano, fazendo com que o Fed intervenha como comprador, correndo o risco de alimentar a inflação.

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