Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de açúcar do Brasil, o maior produtor mundial do adoçante, aumentaram 162% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, para 3,02 milhões de toneladas métricas, informou o Ministério do Comércio do país na quarta-feira.
A exportação excepcionalmente alta para um mês em que o Brasil está no período de entressafra mostra como o mundo está dependendo mais dos abundantes suprimentos de açúcar nos portos brasileiros após uma safra recorde, em um momento de safras ruins na Ásia.
A Índia, o segundo maior produtor de açúcar, está colhendo uma safra menor e o governo bloqueou as exportações para garantir o abastecimento local.
O clima mais seco do que o normal no centro-sul do Brasil nos primeiros meses do ano permitiu que as exportações de açúcar tivessem um alto desempenho no principal porto de Santos, disse na quarta-feira Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.
O primeiro trimestre é geralmente um período úmido no Brasil, o que normalmente prejudica as atividades portuárias.
A Datagro projeta as exportações de março em 1,8 milhão de toneladas, também altas para aquele mês, indicando embarques totais do centro-sul em 32,8 milhões de toneladas em 2023/24, um recorde.
As exportações de café também foram elevadas para fevereiro, segundo o governo, com 3,61 milhões de sacas de 60 kg, 77% a mais do que no mesmo período de 2023.
O Brasil só começará a colher a nova safra de café por volta de abril para a variedade robusta, e maio ou junho para os grãos arábica.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse esta semana que os embarques poderiam ter sido ainda maiores se não fossem os gargalos logísticos.
A Cecafé afirmou que os exportadores brasileiros de café estão enfrentando atrasos no carregamento devido ao atraso na chegada dos navios porta-contêineres.
O grupo disse que 75% dos navios que chegaram ao país em fevereiro mudaram seus horários, um nível de atraso considerado alto e normalmente visto apenas durante o pico da colheita no segundo semestre.
(Reportagem de Roberto Samora, em São Paulo, e Marcelo Teixeira, em Nova York)