Confortável com ganhos no CDI? Esta ação subiu quase o triplo desde fevereiro
Investing.com – Os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos operam em alta nesta segunda-feira, à medida que investidores avaliam indicadores mais fracos de emprego, novos anúncios comerciais e o cenário para as taxas de juros do Federal Reserve.
Bons resultados corporativos mitigam sinais de desaceleração na economia norte-americana e de incerteza em torno do impacto da nova política tarifária da Casa Branca.
Em paralelo, a Berkshire Hathaway (NYSE:BRKa), de Warren Buffett, viu sua receita ser afetada por uma reavaliação negativa da posição na Kraft Heinz.
No Brasil, os investidores vão direcionar suas atenções a novos números do mercado de trabalho e projeções para os principais indicadores da nossa economia.
1. Futuros em alta em Wall Street
Os contratos futuros de ações dos EUA sobem nesta manhã, revertendo parte das perdas acumuladas na última sexta-feira, com a expectativa de cortes nos juros contribuindo para aliviar as preocupações com o ritmo da economia.
Às 7 h de Brasília, o Dow Jones futuro avançava 128 pontos (+0,3%), enquanto o S&P 500 futuro subia 24 pontos (+0,4%) e o Nasdaq 100 futuro ganhava 102 pontos (+0,4%).
As principais referências de Wall Street encerraram a sexta-feira em queda, com o S&P 500 registrando o pior desempenho diário em mais de dois meses. O humor do mercado foi prejudicado pelo anúncio do presidente Donald Trump de tarifas elevadas contra diversos parceiros comerciais e por um relatório de emprego mais fraco, que trouxe revisões negativas expressivas, sugerindo uma perda de fôlego maior no mercado de trabalho do que se estimava anteriormente.
Trump agravou a tensão ao demitir o diretor do departamento responsável pela compilação dos dados de emprego, sob a alegação – sem apresentar provas – de que os números haviam sido "manipulados". Analistas destacaram que a decisão coloca em xeque a credibilidade das estatísticas econômicas dos EUA, com parte do mercado temendo que o substituto possa atuar mais alinhado à Casa Branca do que à transparência dos dados.
A divulgação do relatório de julho reforçou as expectativas de que o Fed possa reduzir os juros já em setembro. Apesar disso, fontes da imprensa indicam que boa parte das autoridades monetárias ainda prefere aguardar a divulgação de novos dados antes de adotar uma postura mais acomodatícia.
2. Balanços nos EUA e no Brasil
A temporada de resultados corporativos nos EUA tem contribuído para sustentar os mercados, refletindo a resiliência do ciclo de investimentos em inteligência artificial, que segue robusto após vários trimestres de entusiasmo.
Entre os destaques recentes estão a Meta Platforms (NASDAQ:META), dona do Facebook, e a Microsoft (NASDAQ:MSFT), que divulgaram resultados expressivos e reafirmaram planos ambiciosos de investimento em infraestrutura voltada à IA.
Esses anúncios ajudaram a atenuar os temores em torno da nova política tarifária, embora algumas companhias já tenham sinalizado a possibilidade de repasses de custo nos próximos meses.
Com mais de 50% das empresas do S&P 500 tendo divulgado seus balanços, a expectativa atual é de crescimento de 9,8% no lucro agregado do segundo trimestre em relação ao ano anterior, bem acima dos 5,8% projetados em 1º de julho, segundo a LSEG. Mais de 80% das companhias superaram as projeções dos analistas, frente a uma média de 76% nos quatro trimestres anteriores.
Nos próximos dias, os investidores acompanharão os números de empresas como Caterpillar (NYSE:CAT), considerada um termômetro econômico, a rede de fast-food McDonald’s (NYSE:MCD) e o conglomerado Disney (NYSE:DIS). Todas fazem parte do índice Dow Jones, que se mantém próximo de sua máxima histórica registrada em dezembro.
No Brasil, os destaques da semana de balanços incluem, na segunda-feira, os números de Copasa (BVMF:CSMG3) e Pague Menos (BVMF:PGMN3) abrem a agenda. Na terça, os investidores estarão atentos ao balanço do Itaú, além de Embraer (BVMF:EMBR3), Klabin (BVMF:KLBN11), Iguatemi (BVMF:IGTI11) e Pão de Açúcar. A quarta-feira traz dados relevantes de Eletrobras (BVMF:ELET3), Braskem (BVMF:BRKM5), Minerva (BVMF:BEEF3), C&A e Suzano (BVMF:SUZB3). Já na quinta, o mercado aguarda os resultados de companhias como Petrobras (BVMF:PETR4), B3 (BVMF:B3SA3), Magalu, Engie (BVMF:EGIE3), Renner (BVMF:LREN3), Energisa (BVMF:ENGI11), Petz (BVMF:PETZ3) e Sanepar (BVMF:SAPR11), com expectativa especial para o desempenho da estatal petrolífera em meio à volatilidade dos preços do petróleo.
3. Resultados da Berkshire Hathaway
A Berkshire Hathaway reportou uma perda contábil de US$ 3,76 bilhões na posição em Kraft Heinz (NASDAQ:KHC), enquanto a receita com prêmios de seguros recuou, afetando o desempenho do conglomerado no segundo trimestre.
Além disso, os ganhos modestos com ações como American Express (NYSE:AXP) e Apple (NASDAQ:AAPL) também limitaram os resultados, levando o lucro líquido consolidado para US$ 12,37 bilhões, queda expressiva em relação aos US$ 30,35 bilhões reportados no mesmo período de 2024. A receita total caiu 1,2%, para US$ 92,5 bilhões.
Por outro lado, o lucro operacional da subsidiária ferroviária BNSF subiu quase 20%, refletindo redução de custos e menores gastos com combustível.
A posição de caixa da Berkshire encerrou o trimestre em US$ 344 bilhões, ligeiramente abaixo dos US$ 348 bilhões do período anterior.
Os resultados chegam em um momento de transição para a empresa, que se prepara para a saída de Buffett, hoje com 94 anos. Ele deixará o comando no final de 2025, com o atual vice-presidente Greg Abel assumindo a liderança da holding.
4. Petróleo e ouro caem
Os preços do petróleo operam em queda nesta segunda-feira, após a Opep+ anunciar novo aumento de produção para setembro, o que amplia a oferta global.
No momento da redação, o contrato do Brent recuava 1,48%, a US$ 68,66 por barril, enquanto o barril do petróleo WTI negociado nos EUA se desvalorizava 1,63%, a US$ 66,24.
O grupo, liderado pela Arábia Saudita e Rússia, aprovou no domingo uma elevação de 547 mil barris por dia, revertendo de forma antecipada parte relevante dos cortes anteriores, que somavam cerca de 2,5 milhões de bpd, equivalente a 2,4% da demanda global.
No mercado de metais, os preços do ouro registram variação mista no início dos negócios europeus, após forte valorização na sessão anterior. Parte dos investidores aproveita para realizar lucros após a alta impulsionada pela perspectiva de cortes nos juros do Fed.
O ouro à vista cedia 0,2%, cotado a US$ 3.355,69 por onça, enquanto o contrato futuro para dezembro subia 0,3%, negociado a US$ 3.408,67 por onça.
Na sexta-feira, o metal subiu mais de 2% com a divulgação dos dados fracos de emprego, que reforçaram as apostas em uma redução de juros em setembro. A expectativa de um ambiente com custos mais baixos de financiamento favoreceu o rali do ouro, que encerrou a semana em alta após duas semanas consecutivas de queda.
Em outros mercados, o Bitcoin subia 0,8%, cotado a US$ 114.567,60, após perdas acumuladas de cerca de 3% nos cinco dias anteriores.
5. Mercado de trabalho e projeções econômicas no Brasil
Na agenda local, teremos a divulgação da criação de empregos formais na economia brasileira para o mês de junho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
No último relatório, referente a maio, houve a criação de 148.992 vagas formais de trabalho, abaixo da projeção de 179 mil apontada por economistas consultados pela Reuters. Apesar de representar alta frente ao mesmo mês de 2024, o resultado ficou aquém do registrado em 2023. No acumulado do ano até maio, o saldo é de 1,05 milhão de postos, inferior ao do ano anterior.
Todos os setores econômicos tiveram saldos positivos, com destaque para serviços e comércio, enquanto a construção civil teve o menor avanço.
Ontem, em entrevista ao Estadão em Brasília, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, adiantou que o resultado do Caged de junho será "bom". A mediana das estimativas dos analistas consultados pelo Broadcast aponta para criação líquida de 175 mil empregos formais no mês.
O banco central tem reconhecido o dinamismo do mercado de trabalho ao definir sua política monetária, mas ressalta que os efeitos dos juros elevados (atualmente em 15% ao ano) devem levar a uma moderação gradual no ritmo de geração de empregos nos próximos trimestres.
Logo mais, os investidores também poderão analisar novas projeções para a economia brasileira, de acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal do banco central com agentes do mercado.