‘Tempestade perfeita’ derruba estas ações em mais de 10% hoje; é hora de comprar?
Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operavam com viés de alta antes da abertura dos mercados à vista nesta sexta-feira, refletindo com os investidores aguardando o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em Jackson Hole.
No radar corporativo, a Meta firmou uma parceria multibilionária com o Google, enquanto relatos indicam que a Nvidia suspendeu parte da produção de chips destinados à China.
No Brasil, a ameaça de punição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aos bancos que aplicarem no país as sanções dos EUA que lhe foram impostas pela Lei Magnitsky, pode seguir pressionando as ações do setor, em especial, as do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3).
1. Powell em foco no simpósio de Jackson Hole
Jerome Powell discursa nesta sexta-feira no tradicional simpósio promovido pelo Fed em Jackson Hole, evento central da semana nos mercados globais. Investidores monitoram com atenção quaisquer sinalizações sobre a trajetória da política monetária nos próximos meses.
As expectativas de corte na taxa básica chegaram a ganhar força no início de agosto após dados fracos do mercado de trabalho, mas perderam tração nos últimos dias. Atualmente, os contratos futuros embutem 71,5% de chance de corte de 25 pontos-base em setembro, bem abaixo dos 99% observados na semana anterior, segundo a Ferramenta de Monitoramento de Taxas do Investing.com.
Esse recuo decorre, em parte, de leituras acima do esperado no índice de preços ao produtor, somadas a declarações mais restritivas de dirigentes do Fed. O presidente da distrital de Kansas City, Jeffrey Schmid, com direito a voto nas reuniões do FOMC, afirmou que não há urgência para reduzir os juros, citando inflação persistente e mercado de trabalho ainda aquecido.
Já Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland e sem voto neste ciclo, também demonstrou preocupação com o ritmo da inflação, o que, segundo ela, pode inviabilizar um corte já em setembro.
O discurso de Powell ocorre em um momento delicado, em que parte do mercado teme um cenário de estagflação, combinação de crescimento fraco com inflação elevada, que limitaria o espaço para flexibilização monetária.
O dirigente também pode abordar a autonomia da autoridade monetária, após críticas do presidente Donald Trump. Nesta semana, o presidente defendeu a renúncia da diretora Lisa Cook, apoiando-se em acusações levantadas por aliados políticos sobre empréstimos hipotecários.
2. Índices futuros recuam com investidores à espera do Fed
Os índices futuros das bolsas norte-americanas operavam em alta moderada nas primeiras horas da sexta-feira, refletindo a postura de espera dos agentes financeiros antes do discurso de Jerome Powell.
Às 8 h de Brasília, o contrato futuro do S&P 500 subia 0,23% (14 pontos), o Nasdaq 100 avançava 0,17% (38 pontos) e os futuros do Dow Jones registravam alta de 0,3% (132 pontos).
Na véspera, os principais índices encerraram o dia em território negativo. O S&P 500 acumulou sua quinta queda consecutiva. No acumulado da semana até quinta-feira, o índice recuava 1,2%, enquanto o Nasdaq caía 2,4% e o Dow Jones Industrial Average registrava queda de 0,4%.
Além do foco em Powell, o mercado acompanha os desdobramentos corporativos envolvendo Intuit (NASDAQ:INTU) e Zoom (NASDAQ:ZM), que divulgaram seus balanços após o fechamento de quinta-feira.
3. Nvidia suspende produção de chip H20 na China; Meta firma acordo bilionário com Alphabet
A Nvidia (NASDAQ:NVDA) teria solicitado a fornecedores que suspendessem a produção de componentes para seus chips H20, desenvolvidos para atender ao mercado chinês. A medida vem após pressões regulatórias e questionamentos do governo de Pequim sobre possíveis funcionalidades de rastreamento nos processadores.
Segundo a Reuters, a fabricante pediu à Foxconn (SS:601138) que interrompesse o trabalho nos chips de inteligência artificial. Reportagem do The Information acrescenta que a Amkor Technology (NASDAQ:AMKR), responsável pelo empacotamento dos chips, e a Samsung Electronics (KS:005930), fornecedora de memória, também foram instruídas a pausar a produção.
Em julho, a Nvidia havia retomado as vendas do H20, após paralisação forçada em abril devido a restrições impostas pelos EUA. No mês passado, a empresa participou de uma reunião com a Administração do Ciberespaço da China, na qual foi solicitada a detalhar aspectos técnicos dos produtos.
“Gerenciamos constantemente nossa cadeia de suprimentos para refletir as condições de mercado”, afirmou a Nvidia em nota oficial, sem entrar em detalhes adicionais.
Ainda no cenário corporativo norte-americano, a Meta Platforms (NASDAQ:META) firmou um contrato de US$ 10 bilhões com a Alphabet (NASDAQ:GOOGL), controladora do Google, para utilizar a infraestrutura do Google Cloud pelos próximos seis anos, conforme revelou o The Information.
Com isso, a dona do Facebook se junta a outras grandes empresas de tecnologia que intensificam investimentos em inteligência artificial, em resposta à crescente pressão dos investidores por retornos sobre o capital aplicado no setor.
No mês passado, a Meta elevou em US$ 2 bilhões a base de sua estimativa de despesas de capital para 2025, que agora varia entre US$ 66 bilhões e US$ 72 bilhões. A empresa também informou que transferiu US$ 2 bilhões em ativos de data centers para parceiros externos, em movimento voltado à ampliação de sua capacidade de processamento para IA.
4. Petróleo se recupera com guerra prolongada e estoques mais baixos nos EUA
Os contratos futuros do petróleo operavam com leves ganhos nesta sexta-feira, caminhando para encerrar a semana em alta após duas semanas consecutivas de perdas, em meio ao aumento do risco geopolítico e sinais de demanda aquecida.
No momento da redação, o Brent subia 0,25%, negociado a US$ 67,84 por barril, enquanto o WTI avançava 0,43%, cotado a US$ 63,79.
Na quinta-feira, ambos os benchmarks haviam subido mais de 1%. No acumulado da semana, o Brent avança cerca de 3%, e o WTI, 1,4%.
A continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, sem sinais de avanço em eventuais negociações de paz, alimenta receios sobre restrições prolongadas na oferta de petróleo russo ao mercado global.
Além disso, os estoques de petróleo nos EUA registraram queda acima do previsto na última semana, sugerindo firmeza na demanda doméstica e sustentando os preços.
5. Moraes ameaça bancos por Lei Magnitsky
Ontem, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, após ele declarar que bancos brasileiros podem ser punidos se cumprirem sanções impostas pelos EUA com base na Lei Global Magnitsky, que o incluiu em sua lista por violações de direitos humanos.
Em nota, a embaixada classificou as declarações como "fundamentalmente equivocadas", acusou Moraes de abuso de poder judicial com fins pessoais e questionou se os líderes políticos brasileiros tomarão alguma atitude diante do que considera uma ameaça à integridade das instituições.
O episódio acirra tensões diplomáticas, em meio à tentativa de blindagem institucional ao magistrado promovida pelo governo brasileiro.
A imprensa noticiou ontem que o Banco do Brasil bloqueou um cartão de crédito de bandeira norte-americana do ministro, justamente em razão da Lei Magnitsky, oferecendo em troca um cartão nacional, de bandeira controlada pela instituição, em conjunto com Bradesco (BVMF:BBDC4) e Caixa Econômica Federal.