Investing.com – Os principais índices futuros das ações dos Estados Unidos operam em alta nesta terça-feira, após a forte correção registrada no pregão anterior, devido a especulações cada vez maiores sobre uma eventual tentativa do presidente Donald Trump de interferir na autonomia do Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Os investidores também aguardam o balanço da Tesla (NASDAQ:TSLA), que será divulgado após o fechamento de hoje em Nova York, enquanto, no mercado de commodities, o ouro chegou a ultrapassar os US$ 3.500 por onça mais cedo, em meio à escalada de tensões geopolíticas.
No Brasil, os investidores voltam do feriado atentos à atualização das projeções econômicas no relatório Focus, do banco central.
1. Futuros americanos em alta
Os contratos futuros dos índices de ações norte-americanos registravam alta na manhã desta terça-feira, após as fortes perdas do pregão anterior, em meio a crescentes preocupações de que o governo Trump possa estar avaliando medidas que comprometeriam a independência do Federal Reserve.
Às 7h30 de Brasília, os futuros do Dow Jones subiam 313 pontos, ou 0,8%; os do S&P 500 avançavam 48 pontos, ou 0,9%; e os do Nasdaq 100 ganhavam 178 pontos, alta de 1,0%.
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Na segunda-feira, os principais índices de Wall Street recuaram mais de 2%, refletindo a repercussão de declarações da Casa Branca que sugeriram que integrantes do governo estariam cogitando substituir o presidente do Fed, Jerome Powell. Trump voltou a criticar Powell publicamente, chamando-o de “grande perdedor” e “Sr. Tarde Demais”, ao afirmar que o dirigente não agiu com a velocidade necessária para cortar os juros e estimular a economia.
Segundo o Wall Street Journal, o presidente pode estar preparando o terreno para responsabilizar Powell por eventuais fragilidades econômicas provocadas pelas tarifas comerciais adotadas durante sua gestão.
Cresce entre analistas a avaliação de que, se Trump realmente demitir Powell, o nervosismo nos mercados — já afetados pelas tarifas — tende a se intensificar. Ainda assim, Paul Ashworth, economista-chefe para a América do Norte da Capital Economics, avalia que uma eventual substituição não geraria pânico imediato, desde que um sucessor com alguma qualificação técnica seja anunciado rapidamente.
Ashworth destacou, porém, que a saída de Powell seria apenas o início de um movimento mais amplo por parte de Trump para enfraquecer a autonomia do banco central.
“Se a intenção for forçar cortes de juros, Trump teria que demitir também os outros seis membros do Conselho do Fed, o que provocaria uma reação mais agressiva dos mercados, com queda do dólar e elevação dos juros na ponta longa da curva”, afirmou o economista.
2. Balanços da Tesla
A Tesla divulga seu balanço do primeiro trimestre nesta terça-feira, após o fechamento dos mercados em Nova York. As expectativas para os resultados são modestas, em meio a uma demanda fraca por veículos elétricos e à crescente polêmica envolvendo o CEO Elon Musk por suas atividades políticas.
As vendas da empresa vêm caindo diante do aumento da concorrência e do desgaste de imagem provocado pela proximidade de Musk com Trump. O executivo lidera atualmente o chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado pela Casa Branca para reduzir a estrutura do governo federal.
Nesse contexto, os investidores devem buscar esclarecimentos sobre o cronograma de lançamento de um modelo mais acessível e novidades sobre o projeto de robotáxis da companhia, que há tempos é promovido como uma das grandes apostas da Tesla.
“Com expectativas tão rebaixadas, é provável que Musk adote seu habitual discurso otimista durante a teleconferência — talvez até indicando quando deve deixar o comando do DOGE —, mas os desafios enfrentados pela empresa seguem relevantes e não devem ser resolvidos no curto prazo”, escreveram analistas da Vital Knowledge em relatório enviado a clientes.
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3. Declarações de dirigentes do Fed
Pelo menos cinco dirigentes do Federal Reserve estão previstos para discursar nesta terça-feira, e investidores acompanham com atenção qualquer sinal sobre a relação entre o banco central e o governo Trump.
O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, e a diretora Adriana Kugler falarão, respectivamente, em eventos nas cidades de Filadélfia e Minneapolis. Também estão na agenda declarações de Thomas Barkin, Neel Kashkari e Patrick Harker, todos membros votantes do comitê de política monetária (Fomc).
As falas ocorrem em meio à crescente tensão institucional e antecedem a próxima decisão de juros do Fed, marcada para 7 de maio.
Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que as tarifas impostas por Trump foram mais agressivas do que o previsto inicialmente e podem pressionar a inflação, ao mesmo tempo em que desaceleram o crescimento econômico. Powell ressaltou que o banco central seguirá avaliando os impactos dessas medidas antes de considerar eventuais ajustes na taxa básica de juros.
4. Ouro renova máxima
O preço do ouro disparou nesta terça-feira, renovando o recorde nominal histórico, impulsionado pela busca por ativos considerados mais seguros diante da intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além dos temores crescentes sobre uma eventual reformulação no Federal Reserve promovida por Trump.
O ouro à vista subia 1,4%, negociado a US$ 3.471,70 por onça-troy, enquanto os contratos com vencimento em junho avançavam 1,7%, para US$ 3.483,24.
Na sessão anterior, o metal precioso já havia saltado mais de 3% e acumula três pregões consecutivos de recordes. A trajetória recente reflete a combinação de tensões geopolíticas, demanda robusta de bancos centrais e persistentes temores inflacionários.
5. Projeções econômicas no Brasil
No calendário de hoje, teremos a divulgação do relatório Focus, do banco central, com novas projeções do mercado para indicadores importantes da economia brasileira.
Na última atualização, feita em 14 de abril, os analistas mantiveram as projeções para o IPCA em 5,65% em 2025 e 4,50% em 2026, com leve revisão para cima no crescimento do PIB, agora estimado em 1,98% neste ano e 1,61% no próximo. A expectativa para a taxa Selic permaneceu em 15% para 2025 e 12,50% para 2026, enquanto o dólar era previsto para encerrar este ano em R$ 5,90 e o ano seguinte em R$ 5,97.
O IPCA de março desacelerou para 0,56%, depois de subir 1,31% em fevereiro, mas ainda segue pressionado em 12 meses, a 5,48%, ou seja, bem acima do teto da meta perseguida pelo banco central.
Já o IBC-Br, considerado a “prévia” do PIB, apontou crescimento de 0,4% em fevereiro, com destaque para o setor agropecuário.
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