AO VIVO: Lula assina MP contra tarifaço de Trump
Investing.com – Os índices acionários norte-americanos operavam sem direção única antes da abertura das bolsas em Nova York nesta terça-feira, refletindo o impacto limitado da mais recente ofensiva tarifária conduzida pelo presidente Donald Trump.
O envio de notificações formais a mais de uma dezena de países, detalhando as novas taxas de importação, foi acompanhado de um novo adiamento na aplicação das tarifas.
Enquanto isso, a China voltou a alertar Washington sobre os riscos de reacender disputas comerciais que haviam arrefecido nos últimos meses.
No Brasil, os investidores vão direcionar suas atenções a novos dados sobre a economia doméstica, com a divulgação do volume de vendas no varejo para o mês de maio.
1. Futuros dos EUA sem direção única
Os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos operavam de forma mista por volta das 07h50 de de Brasília, com o Dow Jones recuando 37,9 pontos (-0,09%), enquanto o S&P 500 e o Nasdaq 100 subiam 0,13% e 0,28%, respectivamente.
Na segunda-feira, os principais índices encerraram o pregão em queda, com analistas atribuindo parte do movimento à realização de lucros, após o anúncio de Trump sobre o envio de cartas a diversos países com os novos termos tarifários, uma medida que efetivamente posterga o início das sobretaxas anteriormente programadas.
Apesar disso, a percepção de que há espaço para negociação, somada a sinais de resiliência na atividade econômica e alívio na inflação, contribuiu para moderar o impacto da notícia. “Embora os temores tarifários tenham pressionado o mercado, os compradores continuam com o controle da narrativa”, escreveram analistas da Vital Knowledge em nota.
2. Tarifa ganha novo capítulo com envio de cartas
O tema tarifário voltou ao centro das atenções após Trump confirmar o envio de notificações formais a 14 países, antecipando aumentos nas alíquotas de importação.
Embora os novos percentuais sejam inferiores àqueles anunciados durante o evento “Dia da Libertação”, em abril, ainda representam elevação expressiva em relação à tarifa-base de 10% em vigor.
O novo prazo para implementação das medidas foi fixado em 1º de agosto, abrangendo países-chave como Japão e Coreia do Sul. Trump também advertiu os destinatários contra eventuais retaliações, aumentando a pressão para que cheguem a acordos com a Casa Branca antes da nova data.
Questionado sobre a rigidez do prazo, Trump afirmou que ele é “firme, mas não 100% inflexível”. “Se houver uma ligação com propostas alternativas, estaremos abertos a conversar”, disse.
As novas tarifas não se sobrepõem às taxas setoriais já em vigor, como as aplicadas a veículos, aço e alumínio. Notavelmente, Índia e União Europeia não receberam cartas, o que foi interpretado por analistas como indício de avanços em negociações bilaterais.
No Japão, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba declarou que segue disposto a buscar um entendimento favorável com os Estados Unidos, mesmo diante da imposição de 25% sobre exportações para o mercado americano. Na Coreia do Sul, o ministro do Comércio, Yeo Han-koo, reuniu-se com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para discutir possíveis exceções tarifárias nos setores de automóveis e siderurgia, segundo nota do Ministério sul-coreano.
3. China reage e reforça tom diplomático
Do outro lado do mundo, a China voltou a demonstrar preocupação com a possibilidade de reescalada da disputa comercial com os Estados Unidos, destacando a fragilidade da trégua estabelecida recentemente entre as duas maiores economias globais.
Em junho, após reuniões intensas em Londres, ambos os países reafirmaram um acordo comercial de caráter estrutural, cujos termos permanecem pouco transparentes, alimentando dúvidas quanto à sua viabilidade no médio prazo.
A China tem até 12 de agosto para concluir um novo entendimento com os EUA e evitar a reimposição das tarifas punitivas que marcaram os meses de abril e maio. Caso não haja acordo, as tarifas aplicadas por Washington sobre produtos chineses ultrapassariam 100%.
Em editorial publicado pelo People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, autoridades pediram “mais diálogo e cooperação”, reforçando que esse é “o único caminho legítimo”. O artigo, assinado com o pseudônimo usualmente reservado para mensagens de política externa, classificou as medidas de Trump como “intimidação” e criticou países menores que buscam acordos com os EUA à margem da China. Também alertou para possíveis retaliações a nações que optarem por cadeias de suprimentos que excluam Pequim.
4. Petróleo estável
Os contratos futuros do petróleo operavam perto da estabilidade nesta terça-feira, ainda sob dúvidas quanto aos efeitos das novas tarifas e pelo aumento na produção da Opep+.
No momento da redação, o contrato do Brent para entrega futura recuava 0,03%, a US$ 69,56 por barril, enquanto o WTI (West Texas Intermediate) caía 0,2%, cotado a US$ 67,76.
O risco de que as medidas tarifárias impactem negativamente o comércio global alimenta temores de desaceleração na demanda por energia.
Além disso, no sábado, a Opep+ confirmou que elevará a produção em 548 mil barris por dia a partir de agosto. Esse aumento supera os incrementos de 411 mil bpd observados nos meses anteriores e amplia a oferta em um momento em que o equilíbrio entre produção e consumo já se mostra delicado.
5. Vendas no varejo do Brasil
Os ativos brasileiros encerraram o pregão de ontem com performance negativa, influenciados, de um lado, por um movimento de realização de lucros, após o Ibovespa atingir máximas históricas, e, de outro, pelo aumento da aversão ao risco global causado pela nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O Ibovespa recuou 1,26%, encerrando o pregão aos 139.489,7 pontos, enquanto o dólar se valorizou 0,98% frente ao real, encerrando o dia a R$ 5,4778.
No calendário econômico local, o destaque são as vendas no varejo para o mês de maio, após o setor interromper uma sequência de três altas seguidas em abril, com uma queda de 0,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar dessa queda, o volume de vendas em abril avançou 4,8% na comparação anual, superando as projeções.