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Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operam em alta nesta terça-feira, sinalizando a continuidade da recuperação iniciada na véspera. Apesar da cautela em relação à economia do país, após os dados fracos de emprego da semana passada, a combinação de resultados corporativos positivos e o aumento nas apostas de corte de juros pelo Federal Reserve sustentam o apetite por risco.
No campo geopolítico, o presidente Donald Trump voltou a ameaçar a Índia com tarifas mais severas por suas compras de petróleo russo, além de divulgar uma carta em português criticando a prisão domiciliar do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, imposta ontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Além disso, os investidores locais terão detalhes logo mais da última decisão de juros do banco central, na ata do Copom, e analisarão mais dados sobre a economia, com a pesquisa mensal da S&P Global com gerentes de compras.
1. Futuros sobem em Wall Street com expectativa de corte de juros
Os futuros das bolsas americanas avançam nesta manhã, dando sequência à recuperação registrada na segunda-feira, em meio à tentativa dos investidores de avaliar o rumo da economia dos EUA e o impacto da temporada de resultados.
Às 7 h de Brasília, o Dow Jones futuro subia 50 pontos (+0,1%), o S&P 500 futuro ganhava 12 pontos (+0,2%) e o Nasdaq 100 futuro avançava 63 pontos (+0,3%).
Na véspera, os principais índices haviam se recuperado das perdas acentuadas da última sexta-feira, que refletiram tanto a frustração com os dados do mercado de trabalho quanto a crescente incerteza comercial. Após as fortes revisões negativas nos números de emprego de maio e junho, o presidente Trump demitiu o comissário do Bureau of Labor Statistics, reacendendo o debate sobre a resiliência da economia frente à nova ofensiva tarifária da Casa Branca.
Ainda assim, analistas da Vital Knowledge destacam que a expectativa de que o enfraquecimento do mercado de trabalho leve o Fed a reduzir os juros já em setembro tem sustentado o sentimento positivo. A probabilidade de corte na próxima reunião subiu para cerca de 90%, segundo a ferramenta FedWatch da CME — há uma semana, estava em torno de 63%.
Além disso, a atual temporada de balanços tem surpreendido positivamente, com poucos alertas explícitos sobre os efeitos das tarifas. Segundo a Vital Knowledge, o fato de executivos não demonstrarem alarme quanto às condições econômicas tem oferecido certo alívio aos investidores.
2. Trump ameaça Índia e defende Bolsonaro no Brasil
Em novo ataque comercial, Trump afirmou na segunda-feira que pretende elevar “substancialmente” as tarifas sobre produtos indianos, criticando a continuidade das importações de petróleo russo por parte de Nova Délhi.
A ameaça sucede declarações anteriores do presidente norte-americano, que já havia sugerido tarifas recíprocas de 25% e advertido que poderia aplicar alíquotas de até 100% aos maiores compradores de petróleo russo, incluindo China e Índia. A retórica endurecida reflete o aumento das tensões com Moscou após o fracasso das negociações por um cessar-fogo na Ucrânia.
Trump também atacou a participação da Índia no bloco Brics, acusando o grupo de adotar uma postura contrária aos interesses dos Estados Unidos.
Apesar das ameaças, a Reuters informou que o governo indiano continuará comprando petróleo russo, alegando razões econômicas e relações históricas com Moscou. Diante do cenário, aumentaram as apostas de que o Banco Central da Índia reduza os juros na reunião de quarta-feira. Os títulos públicos do país registraram leve queda nas negociações iniciais.
No Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando reincidência no descumprimento de medidas cautelares, incluindo a proibição de uso direto ou indireto das redes sociais.
A decisão, que também envolveu busca e apreensão de celulares e restrição de visitas, ocorre no âmbito de um inquérito que investiga a tentativa de interferência de Bolsonaro em decisões do Supremo com apoio de autoridades estrangeiras.
A defesa do ex-presidente afirmou que não houve descumprimento das medidas cautelares e recorrerá da decisão.
A medida gerou reações internacionais, incluindo críticas do governo dos Estados Unidos, que já retaliou o Brasil com uma tarifa de 50% sobre grande parte das nossas exportações, além de impor sanções a Moraes, classificando-o como violador de direitos humanos pela Lei Magnitsky.
Após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente ontem, o governo Trump publicou nas redes sociais uma carta em português, afirmando que o ministro do Supremo “continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia”.
3. Indicador de serviços dos EUA é destaque da agenda
Após uma série de dados relevantes nos últimos dias, a agenda econômica desta semana é mais esvaziada, com destaque para o índice de atividade do setor de serviços dos Estados Unidos.
A expectativa é que o índice de gerentes de compras (PMI) não-manufatureiro do Institute for Supply Management (ISM) suba de 50,8 para 51,5 em julho. Leituras acima de 50 indicam expansão, embora o ISM relacione marcas acima de 49 a um crescimento econômico mais amplo ao longo do tempo. O setor de serviços representa mais de dois terços do PIB americano, sendo fundamental para o dinamismo da economia.
Também está prevista para hoje a divulgação dos dados de importações e exportações dos EUA em junho. Os números recentes do PIB sugerem que as importações caíram no segundo trimestre, revertendo o salto registrado no início do ano devido ao aumento das tarifas.
4. Setor de serviços da china surpreende positivamente
O setor de serviços da China cresceu acima do esperado em julho, segundo o PMI de serviços da S&P Global, divulgado nesta terça-feira. A leitura subiu para 52,6, ante 50,6 em junho, superando a expectativa de 50,4.
A melhora foi impulsionada tanto pela demanda doméstica quanto externa. Segundo a S&P Global, as medidas de estímulo ao consumo adotadas por Pequim favoreceram a atividade interna, enquanto a demanda internacional foi pouco afetada pelas tarifas comerciais dos EUA — que incidem majoritariamente sobre bens industriais.
O desempenho do setor de serviços contrasta com o recuo observado na atividade manufatureira no mesmo período. A indústria chinesa segue pressionada pela demanda fraca, enquanto os serviços têm se mostrado um ponto de resiliência, com crescimento sustentado ao longo do ano, mesmo em meio ao enfraquecimento industrial.
A partir de julho, a Caixin deixou de ser patrocinadora do PMI chinês da S&P Global.
5. Ata do Copom e dados econômicos no Brasil
Ainda hoje, os investidores locais avaliarão a ata da última reunião de política monetária do banco central, para saber mais detalhes sobre sua decisão de manter a taxa de juros (Selic) em 15% ao ano.
Na agenda econômica, também serão divulgados dados sobre a atividade no setor de serviços, com base na pesquisa mensal realizada pela S&P Global com gerentes de compras (PMI) em julho.