WASHINGTON/DAVOS (Reuters) - O crescimento global parece ter batido no fundo do poço, mas não há uma recuperação à vista e riscos que incluem de tensões comerciais a choques climáticos tornam as perspectivas incertas, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira.
Para 2020 e 2021, o FMI reduziu suas projeções de crescimento global, principalmente como resultado de uma desaceleração mais aguda do que a esperada na Índia e em outros mercados emergentes, ao mesmo tempo em que avaliou que um acordo comercial EUA-China alimenta esperanças de que a atividade vá se recuperar.
Com as guerras comerciais pesando sobre exportações e investimentos, a economia global teve expansão de 2,9% no ano passado, o ritmo mais fraco desde a crise financeira global, a despeito de uma ação quase sincronizada de redução de juros pelos bancos centrais que adicionou meio ponto percentual ao crescimento global.
"Ainda não atingimos um ponto de virada", afirmou Kristalina Georgieva em coletiva de imprensa na véspera do encontro anual do Fórum Econômico Global no resort de ski de Davos, na Suíça.
"A realidade é que o crescimento global permanece fraco. Apenas nas primeiras semanas do novo ano testemunhamos tensões geopolíticas crescentes no Oriente Médio e vimos o impacto dramático que os choques climáticos podem ter. Vimos eles na Austrália assim como em partes da África."
O FMI agora projeta um crescimento global de 3,3% este ano, abaixo da estimativa de 3,4% feita em outubro. A projeção para 2021 também foi reduzida, de 3,6% para 3,4%.
Os cortes refletem a reavaliação do FMI de perspectivas econômicas para uma série de grandes mercados emergentes, notadamente a Índia, onde o consumo doméstico desacelerou mais do que o esperado em meio a uma contração do crédito e de estresse no setor não-bancário.
O FMI também disse que reduziu as projeções de crescimento para o Chile por causa das turbulências sociais e do México em função da fraqueza no investimento.
CHINA E EUA
O Fundo afirmou que o alívio nas tensões entre Estados Unidos e China, que abalou o crescimento em 2019, melhorou o sentimento do mercado, em meio a sinais de que comércio e indústria estavam em vias de se recuperar.
O panorama cauteloso do FMI considera que não haverá novos agravamentos nas tensões EUA-China, mas Georgieva alertou que a raiz do problema ainda não foi resolvida.
"As causas básicas das tensões comerciais e as questões fundamentais de reforma do sistema comercial ainda estão conosco."
(Por David Lawder, em Washington, e Balazs Koranyi e
Dmitry Zhdannikov, em Davos)