Investing.com - A desdolarização, ou seja, o declínio do domínio do dólar no comércio mundial e nas reservas cambiais, é motivo de preocupação. A dívida insustentável dos EUA e a propensão dos Estados Unidos de usar sua moeda como uma arma estão levando muitos países a procurar maneiras de se livrar do jugo da principal potência econômica do mundo.
Em uma nota recente sobre essa questão, os analistas do JP Morgan destacaram o impacto fundamental que uma deterioração nas relações entre a China e os EUA poderia ter.
Eles explicaram que o aumento das tensões geopolíticas entre as duas maiores economias elevaria a ameaça de desdolarização a um novo patamar.
Os analistas também afirmam que a crescente concorrência entre as duas nações poderia dar origem a uma nova Guerra Fria.
"Se as tensões entre os EUA e a China aumentarem e observarmos uma maior fragmentação global, isso provavelmente levará à desglobalização do comércio e das finanças.... No setor financeiro, isso também pode levar à desdolarização", escreveram.
Os analistas do banco também destacaram o fator político, que, segundo eles, poderia impedir que o governo mantivesse a estabilidade econômica no caso de uma crise financeira.
Eles lembraram como foram complicadas as negociações sobre o teto da dívida dos EUA, culminando em um acordo de última hora, enquanto que, do lado chinês, o presidente Xi Jinping introduziu mudanças favoráveis ao mercado para estimular a economia chinesa.
Entretanto, os analistas acreditam que as reformas econômicas da China e o possível relaxamento de seus rígidos controles de capital também podem reduzir a predominância do dólar.
Deve-se observar, entretanto, que o JP Morgan não está prevendo um abandono repentino do dólar. Na verdade, o banco enfatizou que é altamente improvável que qualquer outra moeda destrone o dólar americano de seu trono como moeda de reserva mundial na próxima década, prevendo, em vez disso, o que ele chama de "desdolarização parcial", com ganhos de participação de mercado para o Yuan em países que não estão economicamente alinhados com os Estados Unidos.