Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em queda firme, em sintonia com o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após o índice de preços ao produtor dos Estados Unidos perder força de forma inesperada em dezembro, elevando as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros já em março.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final caiu 0,1% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,1%. Nos 12 meses até dezembro, o PPI aumentou 1,0%, depois de avançar 0,8% em novembro.
O resultado disparou a queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em meio à percepção de que a perda de força dos preços ao produtor chegará à ponta final -- o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) -- em alguns meses, favorecendo o início do processo de corte de juros pelo Fed.
“O número fechado do PPI bate no CPI em seis meses. Mas algumas linhas do PPI começam a fazer efeito no CPI em três meses. Então, a aposta é de que, em março, a inflação nos EUA já estaria mais a favor de um corte de juros”, pontuou Lais Costa, analista da Empiricus Research. “(O número) já deixa uma pulga atrás da orelha dos diretores do Fed.”
Ainda assim, a expectativa da Empiricus -- e de boa parte das casas de análise e instituições financeiras brasileiras -- é de que o Fed corte juros apenas em meados do ano.
No Brasil, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) também cederam nesta sexta-feira, acompanhando o recuo dos yields.
“O Banco Central daqui telegrafou muito bem os próximos passos (da política monetária) e acabou tirando um pouco da volatilidade na taxa curta. Então, o mercado passa a olhar o exterior como um guia melhor”, avaliou Costa.
No mercado, a expectativa majoritária ainda é de que o BC corte a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual nas reuniões de janeiro e março, como vem sendo comunicado pela autarquia. Os encontros seguintes, no entanto, dependerão dos desdobramentos externos. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.
No fim da tarde desta sexta-feira, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,08% no fim da tarde, ante 10,127% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,665%, ante 9,753% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,785%, ante 9,877%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,02%, ante 10,098%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,4%, ante 10,463%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 97% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual. Outros 3% são de apostas em corte de apenas 0,25%.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 1,90 ponto-base, a 3,9559%.