(Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta quarta-feira durante sua visita ao Brasil que um potencial acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, como ele está atualmente, é um “acordo muito ruim” e que é preciso mais trabalho sobre a questão climática.
“Como ele está negociado atualmente, é um acordo muito ruim, para vocês e para nós”, disse Macron a empresários em São Paulo, durante uma visita de três dias ao Brasil, em meio a negociações por um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
“Não há nada que leve em consideração a questão da biodiversidade e clima, nada”, afirmou. “Vamos forjar um novo acordo à luz das nossas metas e da realidade, um acordo comercial que seja responsável em desenvolvimento, clima e biodiversidade.”
Embora o Brasil tenha dito que está pronto para assinar o acordo, a França expressou reservas repetidas vezes e disse que seus agricultores se opuseram ao cenário que pode permitir importações, principalmente de carne bovina, que não cumprem os padrões rígidos da UE.
“Temos tempo ainda”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no mesmo evento. “É bem verdade que perdemos uma oportunidade no final do ano passado, mas não devemos desistir deste acordo.”
Haddad acrescentou que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, “investiu muito, muito do seu tempo” neste acordo no ano passado e “vai continuar investindo numa aproximação maior com a União Europeia”.
Macron também pediu um investimento muito mais direto de empresas brasileiras na França e disse que os dois países poderiam cooperar em investimentos em outros mercados, como a África.
“Precisamos ir muito mais rápido, muito mais forte, muito mais longe”, afirmou Macron.
(Reportagem de Sarah Morland, na Cidade do México, e Eduardo Simões, em São Paulo)