O presidente eleito Javier Milei (La Libertad Avanza) afirmou na 3ª feira (21.nov.2023) que fará um “ajuste de choque” de 15% do PIB (Produto Interno Bruto) argentino. Em entrevista ao jornalista Manuel Adorni, Milei disse que “2024 tem que terminar com equilíbrio fiscal”.
O libertário também falou sobre a situação das obras públicas no país. Disse que o governo não tem dinheiro e que as obras “podem ser entregues ao setor privado e concluídas pelo setor privado”. Também afirmou que realizará cortes nos gastos públicos.
“Vamos para um sistema de iniciativa privada ao estilo chileno. Não há dinheiro. Se não fizermos o ajuste fiscal iremos para uma hiperinflação. […] Ministro que gastar mais comigo, eu expulsarei”, afirmou.
Peguntado sobre o risco de hiperinflação na Argentina (a inflação avançou para 142,7% em outubro), Milei afirmou que fará “todos os esforços para evitá-la” e que pretende fazer “um ajuste fiscal muito forte para chegar a um deficit financeiro zero”.
Milei também detalhou o encontro com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, realizado na manhã de 3ª feira (21.nov). Disse que a reunião se tratou de uma “conversa muito cordial”. Segundo o libertário, os 2 conversaram sobre a transição de governo e a política interna e internacional.
“Foi uma conversa muito produtiva. Obviamente, não concordamos em alguns aspectos e levantamos nossas diferenças de uma forma muito educada”, afirmou.
VITÓRIA DE MILEI
Javier Milei foi eleito presidente da Argentina no domingo (19.nov) em 20 das 23 províncias do país e na capital Buenos Aires, que é autônoma. Seu rival no pleito, o peronista Sergio Massa, ganhou só nas províncias de Buenos Aires, Formosa e Santiago del Estero.
Com 99,28% das urnas apuradas, Milei tem 55,69% do total de votos, contra 44,30% de Massa. O libertário recebeu 14.476.462 votos, contra 11.516.142 do peronista. A diferença é de cerca de 3 milhões.
Como mostra o infográfico, Milei foi o mais votado em Catamarca, Chaco, Chubut, Córdoba, Corrientes, Entre Ríos, Jujuy, La Pampa, La Rioja, Mendoza, Misiones, Neuquén, Río Negro, Salta, San Juan, San Luis, Santa Cruz, Santa Fé, Tierra del Fuego e Tucumán, além da capital federal, onde recebeu 57,24% dos votos, contra 42,75% de Massa.
As províncias de Córdoba, Mendoza e San Luis foram as que o candidato de direita teve uma vitória mais confortável. Em Córdoba, a diferença entre o 1º e o 2º colocado foi de 48,11 pontos percentuais, com um placar de 74,05% contra 25,94%.
O 2º turno das eleições presidenciais da Argentina, realizado no domingo (19.nov), encerrou o processo eleitoral iniciado em 13 de agosto, com as primárias. No pleito, 27 candidatos de 15 frentes políticas concorreram. Os 5 mais votados participaram do 1º turno das eleições, em 22 de outubro.
ECONOMIA ARGENTINA
A Argentina é 2ª maior economia da América do Sul e a 22ª no mundo, com o PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 632,77 bilhões, segundo dados de 2022 do Banco Mundial.
O país é ainda o 3º maior parceiro comercial dos brasileiros. O Brasil exportou US$ 15,34 bilhões e importou US$ 13,10 bilhões do país vizinho no ano passado, com saldo de US$ 2,24 bilhões.
Em outubro, a inflação anual argentina avançou para 142,7% e registrou a taxa mensal de 8,3%. Em agosto havia sido de 12,7%, a mais alta do país em 21 anos.
Já a taxa de juros, a Leliq, foi elevada pelo BCRA (Banco Central da República da Argentina) para 133% em outubro, em uma tentativa de reforçar o incentivo à poupança em pesos e controlar a alta dos preços.
As reservas de dólares do país também estão em baixa. Até 14 de novembro, o BC argentino tinha US$ 21,16 bilhões. O presidente Alberto Fernández começou 2023 com US$ 44,6 bilhões em reservas. Na série histórica, desde 2011, o BCRA atingiu a máxima de reservas da moeda norte-americana em 2019, com US$ 77,4 bilhões em caixa. À época, o país era governado por Mauricio Macri.
O índice de pobreza no país atingiu 40,1% no 1º semestre de 2023. No mesmo período do ano passado, estava em 36,5%. O aumento de 3,6 pontos percentuais representa um crescimento previsto de 1,7 milhão de pessoas pobres em todo o país.
Esses 40,1% são a média dos índices do 1º trimestre (38,7%) e do 2º trimestre (41,5%). Os dados constam em relatório (PDF – 893 kB, em espanhol) do Indec (sigla para Instituto Nacional de Estatística e Censos) sobre o rendimento dos argentinos, divulgado em 21 de setembro. Considerando a margem de erro, o nível de pobreza do 2º trimestre no país pode variar de 40% a 43%.
Os dados contemplam 31 aglomerações urbanas, que totalizam 29 milhões de pessoas. Se as percentagens forem estendidas a toda a população (46,2 milhões), incluindo a rural, equivaleria a quase 18,5 milhões de pessoas pobres.
O Indec diz que 62,4% da população argentina recebeu alguma renda no 1º semestre de 2023. A média no 2º trimestre foi de 138,5 mil pesos argentinos (RS 1.954 na cotação atual).