Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A elevação do teor de etanol na gasolina vendida nos postos do Brasil de 27% para 30%, conforme estuda o governo, poderia reduzir o consumo do país de gasolina A (pura) em aproximadamente 107,6 milhões de litros por mês, apontou a agência Argus, especializada em preços e serviços de consultoria, em análise à Reuters.
O montante, calculado com base no consumo de 2022, corresponde ao volume de um pouco mais de dois navios tanqueiros de porte médio, usados nas operações de importação de gasolina. No ano passado, o consumo de gasolina A alcançou 31,42 bilhões de litros, maior nível desde 2017, disse a Argus, citando dados da reguladora ANP.
Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, destacou que o aumento da mistura do etanol reduziria a dependência externa do Brasil de gasolina e também traria potencial para evitar o repasse de oscilações dos preços do produto no mercado internacional.
"Bem na linha da pauta do governo de reduzir o peso da volatilidade do mercado externo", disse Boutin, em conversa pelo telefone.
O especialista destacou ainda que o aumento da mistura de etanol também poderia eventualmente levar o Brasil para a autossuficiência de gasolina, mas ponderou, no entanto, que o consumo do combustível fóssil neste ano está bem forte, então a importação tem sido crescente.
O aumento da mistura de etanol é uma das medidas que poderão constar em Projeto de Lei (PL) em elaboração pelo governo federal para o Programa Combustível do Futuro, que prevê um conjunto de ações para descarbonização da matriz energética de transporte, industrialização e incremento da eficiência energética dos veículos.
Procurado sobre o tema, o Ministério de Minas e Energia ressaltou que o programa envolve outras pastas e órgãos federais e que a elevação da mistura está ainda condicionada à constatação de sua viabilidade técnica. O ministério não forneceu uma previsão de quando o PL será encaminhado ao Congresso.
(Por Marta Nogueira)