Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - A Caixa Econômica Federal iniciou os depósitos de até R$ 1 mil das contas de trabalhadores com saldo no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Desde quarta passada, quem nasceu em janeiro pode movimentar os valores por meio do aplicativo Caixa Tem. Ao todo, cerca de 42 milhões de brasileiros devem receber o dinheiro até o final do ano, a maior parte de forma automática por meio da poupança da Caixa. A medida pode injetar R$ 30 bilhões na economia, caso todos os beneficiários decidam retirar o dinheiro.
Mas como utilizar os valores recebidos? Especialistas em planejamento financeiro trazem três dicas importantes.
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Quitar as dívidas em primeiro lugar, mas quais?
Dos consumidores brasileiros, 65,2 milhões estavam inadimplentes em fevereiro, segundo a Serasa Experian. Considerando que o tíquete médio ficou em R$1.190,1, o dinheiro a mais na conta é uma oportunidade para quitar as pendências. É importante fazer um levantamento das dívidas mais caras – ou que possam ir a leilão judicial e causar mais problemas.
Para Malu Sprícigo, Head de Planejamento Patrimonial na JB3 Investimentos, quando entra um recurso como este, a recomendação inicial é quitar as dívidas, principalmente as do rotativo cartão de crédito, com juros mais altos. “Fiz um levantamento com dados do Banco Central e ao pegar a média dos juros dos cinco maiores bancos, Banco do Brasil (SA:BBAS3), Caixa Econômica, Itaú (SA:ITUB4), Bradesco (SA:BBDC4) e Santander (SA:SANB11), a média deu 289,5% de juros ao ano. Se você tem uma dívida de mil reais, em um ano, essa dívida vira R$ 3.898. Em dois anos, vira R$ 15.194. É o que a gente conhece como a famosa bola de neve”, alerta.
Caso a pessoa não tenha dívidas no rotativo, a recomendação é pagar a dívidas do cheque especial. “No mesmo levantamento, a média no ano ficou em 144,68%. Uma dívida de mil reais de cheque especial em dois anos chega a quase seis mil reais, a gente vê como vai acumulando de maneira rápida”, completa a especialista.
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Fora do FGTS rende mais
Mesmo para quem não tem dívidas que precisam ser pagas, a indicação é retirar os recursos. Annalisa Blando Dal Zotto, CEO da ParMais e hedge educação financeira na 2TM, lembra que o rendimento do FGTS perde para a inflação ao longo do tempo. “Uma parte do rendimento do FGTS volta para o bolo, mas mesmo assim a rentabilidade dele é muito ruim, então não compensa manter o dinheiro parado lá”.
Se o dinheiro não for sacado até 15 de dezembro, ele volta para a conta vinculada, que rende 3% ao ano mais a taxa referencial (TR) que está em 0,0555% em abril, de acordo com dados do Banco Central brasileiro.
Com a taxa básica de juros da economia, a Selic em 11,75%, e a perspectiva de que ela deve aumentar ainda mais para conter a pressão inflacionária, investimentos em um fundo DI ou no Tesouro Selic apresentam vantagem para o consumidor. “Uma coisa que chamo atenção é comparar quanto a gente paga de juros e quanto a gente recebe, então por isso, a prioridade vai ser rotativo e dívidas, como empréstimos, para quitar tudo. Estamos pagando muitos juros e ganhando pouco”, reforça Sprícigo.
Além disso, o saque aniversário também é uma boa opção, pelo mesmo motivo, segundo Dal Zotto.
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Diversificação nos investimentos
Quem já possui uma reserva de emergência montada pode pensar em diversificar investimentos. Opções como CDBs podem garantir rendimentos acima da inflação. Dal Zotto explica que na reserva de emergência, o principal objetivo é pelo menos render mais do que a inflação. “Hoje, para reserva, se colocarmos dinheiro no Tesouro Selic, que acompanha a taxa de juros, temos ganho real, pois a inflação está mais fraca do que a Selic e a taxa de juros mais alta. É uma época em que você pode ganhar dinheiro inclusive com reserva de segurança, o que não acontecia quando a taxa de juros estava em 2% no passado com inflação mais elevada”.
Depois, é importante investir de acordo com o perfil de cada pessoa – do mais conservador ao mais arrojado – para evitar dor de cabeça no futuro. Além disso, o investidor deve considerar seu grau de conhecimento e aplicar de acordo com objetivo de curto, médio ou longo prazo. “Se meu objetivo é de curto prazo, não devo buscar volatilidade. Para o longo prazo, dá para brincar um pouco mais. Com taxas de juros altas, fica mais fácil de investir. Tem muitas oportunidades em bolsa, multimercados e criptomoedas, indico em um limite de 8% dos recursos líquidos para criptoativos, sem contar a reserva”, comenta a especialista da ParMais e 2TM.
Já sabe quando vai receber os recursos? Confira o calendário de depósitos:
Mês de nascimento Data da liberação
Janeiro 20 de abril
Fevereiro 30 de abril
Março 4 de maio
Abril 11 de maio
Maio 14 de maio
Junho 18 de maio
Julho 21 de maio
Agosto 25 de maio
Setembro 28 de maio
Outubro 1º de junho
Novembro 8 de junho
Dezembro 15 de junho