SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja no Rio Grande do Sul, que geralmente figura como o terceiro produtor nacional da oleaginosa, está incipiente devido a chuvas excessivas, o que deixa produtores cautelosos para iniciar os trabalhos, afirmou nesta quinta-feira a Emater-RS, empresa de assistência técnica do Estado.
"O início da semeadura tem sido incipiente devido a diversos fatores, como o excesso de chuvas e a atenção voltada para a colheita das culturas de inverno", afirmou a Emater, em momento em que o Estado tem problemas com o trigo, pelas chuvas volumosas ligadas ao padrão climático El Niño, que traz mais umidade ao Sul.
A Emater notou que a expectativa de ocorrência de chuvas acima da média ao longo de todo o ciclo da cultura, "influenciadas pelos efeitos do El Niño", contribui para uma "abordagem mais cautelosa no início da operação, e os produtores aguardam um momento mais apropriado para realizar o plantio".
A Emater não estimou percentuais de plantio médio no Estado, citando apenas algumas regiões.
Na região administrativa de Bagé, em Dom Pedrito, que deverá deter a maior área de cultivo de soja do Estado, com 160 mil hectares previstos, apenas 2% das lavouras foram semeadas até o momento, segundo a empresa de assistência agropecuária.
Na área de Santa Maria, o plantio da soja teve início em Tupanciretã, Santa Maria, Santiago e municípios do Vale do Jaguari, "mas a área plantada na região ainda não atingiu 1%".
Na região de Caxias do Sul, as áreas estão sendo preparadas para o início da semeadura, que vai se dar apenas no final de outubro. Em Ijuí, o cultivo da soja está em fase inicial de preparo das áreas para a semeadura.
O Estado geralmente inicia os trabalhos tardiamente em relação a outras regiões brasileiras como o Mato Grosso, que vem enfrentando problemas com seca e calor.
MILHO E TRIGO
No caso do milho, o plantio avançou, atingindo 70% da área projetada. "A maioria das lavouras encontra-se em estágio de germinação e desenvolvimento vegetativo (99%), enquanto 1% já ingressaram no período reprodutivo."
Para o trigo, a Emater afirmou que 19% da área já foi colhida, apesar das chuvas intensas que devem afetar as produtividades e a qualidade do cereal.
"Os resultados obtidos nas áreas em colheita indicam a redução na produtividade inicial, a ser estimada à medida que a operação evoluir, pois há resultados diversos, mesmo dentro de uma mesma região", disse.
"Além da redução de volume, há uma crescente preocupação quanto à qualidade do trigo colhido, especialmente em relação à eventual presença de micotoxina, derivada da alta umidade no período final do ciclo da cultura e da elevada incidência de giberela, que poderia resultar em não conformidade com os padrões de legislação."
Nesta quinta-feira, a consultoria StoneX reduziu previsão de safra de trigo do Brasil citando os problemas no Rio Grande do Sul.
(Por Roberto Samora)