Por Aluisio Alves e Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - Um alongamento dos prazos para distribuidoras de energia elétrica pagarem cerca de 18 bilhões de reais em empréstimos tomados no ano passado não acontecerá sem aumento de custos, segundo fontes de dois grandes bancos envolvidos nas operações.
"Em tese pode acontecer, mas teria que preservar a rentabilidade dos bancos", disse à Reuters uma das fontes a par do assunto, pedindo para não ser identificada. A fonte frisou que ainda não houve contato entre governo federal e os bancos participantes dos empréstimos sobre alongamento das operações.
Na terça-feira, a Reuters publicou que o governo federal estuda pedir aos bancos envolvidos na transação que estendam de dois para até quatro anos o prazo de pagamento dos financiamentos, o que amenizaria o impacto nas tarifas aos consumidores.
Essa intenção foi confirmada na quarta-feira pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, que afirmou que as negociações com os bancos também dependem de decisões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre revisões extraordinárias de tarifas.
Uma fonte de outro banco envolvido nos empréstimos afirmou que a extensão do prazo só seria possível com taxas de juros bem maiores do que as atuais.
E mesmo um aumento de taxas pode não ser suficiente para garantir o alongamento dos prazos. Isso porque a exposição de alguns bancos privados ao setor já está perto de limites considerados prudentes pela cartilha bancária.
Aceitar prazo maior significaria ter por mais tempo uma fatia maior dos empréstimos atrelados a um segmento da economia, ou seja, mais risco.
No ano passado, as distribuidoras tomaram 17,8 bilhões de reais emprestados com um pool de bancos, para cobrir altos gastos para comprar energia mais caro no mercado de curto prazo, devido à ausência de chuvas e baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Na época, os empréstimos foram concedidos ao preço equivalente à variação do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) mais 2,35 por cento ao ano.
O grupo de bancos foi formado por Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Banrisul, Banco de Brasília (BRB), Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Citibank, Credit Suisse, Itaú Unibanco, JP Morgan, Bank of America Merrill Lynch e Santander assinaram o acordo.