Por Nicole Jao
NOVA YORK (Reuters) - Os futuros do petróleo caíram mais de 10% em 2023, em um ano tumultuado de negociações marcadas pela instabilidade geopolítica e por preocupações sobre os níveis de produção de petróleo dos principais produtores ao redor do mundo.
Nesta sexta-feira, último dia de negociação do ano, os futuros do Brent caíram 0,11 dólar, a 77,04 dólares o barril. Os futuros do petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) caíram 0,12 dólar, para 71,65 dólares o barril.
Ambos os contratos de referência caíram mais de 10% em 2023, encerrando o ano em seus níveis mais baixos de fim de ano desde 2020.
No ano passado, o Brent havia subido 10% e o WTI até 7%, sustentados por preocupações relacionadas à oferta após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Uma pesquisa da Reuters com 34 economistas e analistas apontou que o petróleo Brent atingirá uma média de 82,56 dólares em 2024, abaixo do consenso de 84,43 dólares de novembro, sob a expectativa de que o fraco crescimento global limite a demanda. As tensões geopolíticas em curso poderão fornecer apoio aos preços.
Analistas também têm questionado se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como Opep+, conseguirá cumprir os cortes de produção que prometeram para sustentar os preços.
A Opep+ está atualmente reduzindo a produção em cerca de 6 milhões de barris por dia, o que representa cerca de 6% da oferta global.
A Opep enfrenta o enfraquecimento da procura pelo seu petróleo no primeiro semestre de 2024, num momento em que a sua quota de mercado global diminui para o nível mais baixo desde a pandemia da Covid-19 devido aos cortes na produção e à saída da Angola do grupo.
Enquanto isso, a guerra no Oriente Médio provocou apreensões sobre potenciais interrupções no fornecimento nos últimos meses de 2023 que devem perdurar ao longo de 2024.
"Veremos uma volatilidade contínua à medida que avançamos para 2024 com os acontecimentos geopolíticos e o receio de que o conflito possa se espalhar por toda a região", disse Andrew Lipow, presidente da Lipow Oil Associates.
Neste mês, ataques do grupo militante houthi do Iêmen a embarcações de transporte que transitavam pela rota do Mar Vermelho forçaram grandes empresas a reorganizar suas remessas.
Embora algumas companhias estejam se preparando para retomar os movimentos pelo Canal de Suez, alguns petroleiros e navios com produtos refinados ainda optam pela rota mais longa em torno da África para evitar potenciais conflitos na região.
As tensões geopolíticas no Oriente Médio continuaram a apoiar os preços. Nesta sexta-feira, Israel intensificou os ataques no sul de Gaza.
Dados divulgados nesta sexta-feira pela Administração de Informação de Energia dos EUA (AIE), que mostraram uma forte demanda por petróleo em outubro, também ofereceram algum apoio aos preços, disse o analista do UBS, Giovanni Staunovo.
A demanda total por petróleo nos EUA aumentou 3,4% em outubro em relação ao ano anterior, disse o relatório.
A produção de petróleo dos EUA caiu ligeiramente em outubro, para 13,248 milhões de barris por dia, depois de ter estabelecido recordes mensais em agosto e setembro.
(Reportagem adicional de Ahmad Ghaddar, Noah Browning e Sudarshan Varadhan)