SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros oscilaram em margens estreitas nesta segunda-feira e encerraram o dia próximas da estabilidade, com investidores à espera de medidas do governo na área de arrecadação, que servirão como complemento ao novo arcabouço fiscal anunciado na semana passada.
Na última sexta-feira, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam em alta em meio a um movimento de ajuste e de realização de lucros, após a queda firme verificada na quinta-feira, quando o arcabouço foi lançado.
A percepção de parte do mercado no fim da última semana era de que o governo teria dificuldades para fechar as contas do arcabouço, caso não haja aumento de impostos.
Neste contexto, Haddad já havia prometido para esta semana a apresentação de medidas “saneadoras” que poderão sustentar o novo arcabouço.
Em entrevista à GloboNews, o ministro afirmou nesta segunda-feira que a reforma tributária –uma das prioridades do governo –busca "cobrar de quem não paga" impostos, o que deve elevar a receita e contribuir para o cumprimento dos objetivos fiscais previstos no novo arcabouço recém-apresentado.
Após os ajustes da semana passada e com os investidores à espera de novidades, as taxas dos contratos futuros pouco se movimentaram nesta segunda-feira.
“A aposta do governo do PT é de que a economia brasileira crescerá em ritmo um pouco mais intenso e que isso promoveria um aumento da arrecadação, como ocorreu no primeiro mandato de Lula”, avaliou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
De fato, durante a manhã o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não concorda com “as avaliações negativas de que o PIB vai crescer zero não sei das quantas, 0,1%”. Segundo ele, o PIB crescerá “mais do que os pessimistas estão prevendo”.
Galhardo lembra ainda que esta segunda-feira abriu uma semana menos movimentada, com poucos indicadores e feriado no Brasil, na próxima sexta-feira. Assim, é natural que a movimentação no mercado seja menor.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,465%, ante 13,451% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,205%, ante 13,191% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,975%, ante 12,015%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 12,045%, ante 12,077% do ajuste anterior.
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 3% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 97% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries recuavam no fim da tarde, com investidores reagindo ao aumento dos preços do petróleo, após a OPEP+ anunciar corte de produção.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, sacudiram os mercados ao anunciar cortes extras na produção de cerca de 1,16 milhão de barris por dia (bpd) no domingo.
Às 17:03 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 7,50 pontos-base, a 3,4151%.
(Por Fabrício de Castro)