Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em alta, em movimento mais intenso nos contratos a partir de 2026, refletindo a expectativa de uma Selic mais elevada no fim deste ano, como indicado no relatório Focus, além de receios em torno do futuro do Copom e o leve avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,38%, ante 10,364% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,7%, ante 10,655% do ajuste anterior.
A taxa para janeiro de 2027 estava em 11,055%, ante 11,005%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,345%, ante 11,294%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,75%, ante 11,706%.
A segunda-feira foi a terceira sessão consecutiva em que as taxas futuras, em especial as com prazos mais longos, encerraram em alta. Este movimento surge em meio à percepção de que o ambiente para cortes da taxa básica Selic -- hoje em 10,50% ao ano -- piorou e de que há maior incerteza sobre o perfil do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula formarão maioria no colegiado.
“Tudo começou com o Copom bem dividido na semana retrasada, que fez a curva de juros brasileira abrir de ponta a ponta. A ata (do Copom) na semana passada e as falas do (diretor de Política Monetária, Gabriel) Galípolo, deram algum alívio sobre a divisão, mas o mercado parece não ter comprado tudo o que foi dito”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Divulgado pela manhã, o Focus mostrou que a mediana das previsões dos economistas do mercado passou a apontar para uma Selic em 10,00% no fim deste ano, ante 9,75% no relatório da semana passada.
“A leitura hawkish (dura com a inflação) da ata na semana passada foi jogada para o Focus, o que garantiu alguma tração para a curva hoje”, comentou Machado. “Além disso, tem muito player que entrou ‘vendendo’ curva, acreditando que (a alta das taxas) seria pontual, mas não está sendo. Alguns deles podem estar saindo de apostas de curtíssimo prazo e assimilando algum prejuízo”, acrescentou o profissional, ao justificar o viés de alta para as taxas futuras nesta segunda-feira.
A alta das taxas dos DIs era mais intensa, no entanto, entre os contratos com prazos mais longos. O vértice para janeiro de 2025 se mantinha com taxa muito próxima da estabilidade, ainda que nos dois dígitos, numa clara indicação de que o mercado precifica uma Selic em patamares mais elevados que o esperado há alguns meses.
Perto do fechamento a precificação da curva a termo indicava 74% de chances de manutenção da Selic em junho, contra 26% de probabilidade de corte de 25 pontos-base. Em 13 de maio, antes da ata do Copom, a relação era de 47% para manutenção contra 53% para corte.
Além da influência interna, as taxas dos DIs encontraram suporte nesta segunda-feira no leve avanço dos yields dos Treasuries. Em um dia de agenda esvaziada nos EUA, os investidores aguardavam pela divulgação, na próxima quarta-feira, da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 2 pontos-base, a 4,443%.