Investing.com - Os principais índices acionários do mundo operavam majoritariamente no vermelho no início da tarde desta quarta-feira, 3, com os analistas avaliando os possíveis cenários para 2024 e seus impactos para os investidores.
O último relatório semanal da BlackRock (NYSE:BLK) destaca três lições de 2023 para orientar sua estratégia de investimento para este ano.
“Em primeiro lugar, as oscilações dos mercados entre narrativas macroeconômicas não indicam novas informações sobre onde chegaremos. Este não é um ciclo econômico comum e o contexto é fundamental. Em segundo lugar, uma maior dispersão está gerando oportunidades. Isso exige competência e detalhamento. Em terceiro lugar, os avanços da inteligência artificial têm impulsionado o desempenho das ações americanas e mostram que as megatendências são relevantes agora, não apenas no futuro”, afirmam esses especialistas.
“Olhando para trás, em 2023 houve principalmente uma recuperação focada em ações tecnológicas, com o Nasdaq subindo 55% desde 2022. Uma retomada em todo o mercado desde novembro também favoreceu a tecnologia e levou o S&P 500 de igual ponderação a obter um retorno de 12%”, comentam na BlackRock.
“No geral, estamos vendo uma maior dispersão nos retornos das ações individuais desde 2020 (barra verde no gráfico). A incerteza macroeconômica, a geopolítica e as mudanças estruturais estão aumentando a volatilidade e a dispersão”, complementam.
"Acreditamos que os mercados também elevaram a volatilidade ao interpretar o novo regime pela ótica de um ciclo econômico usual. Os investidores se voltaram para os títulos de longo prazo no começo de 2023, esperando que o Federal Reserve reduzisse as taxas de juros até o fim do ano. Depois ficou evidente que o aumento dos gastos públicos e a falta de mão de obra farão com que a inflação seja persistente e mantenham as taxas de juros acima dos níveis pré-Covid. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de dez anos subiram para máximas de 16 anos, perto de 5% em outubro, quando os mercados ajustaram essa expectativa. Eles caíram novamente para abaixo de 4% no final do ano, depois que o Federal Reserve indicou cortes de taxas", explicam na gestora.
Contexto macro incerto
"Esses movimentos voláteis ressaltam a primeira lição que se reforçou em 2023: o contexto macroeconômico é muito mais incerto hoje do que durante o período da Grande Moderação, de crescimento e inflação estáveis", afirmam na BlackRock.
"Isso é difícil de navegar para os mercados, que oscilarão entre narrativas macroeconômicas até 2023. Só no último trimestre, tanto ações quanto títulos subiram com as notícias de inflação mais baixa (o relatório PCE de novembro confirmou uma desaceleração impulsionada por bens) e as projeções moderadas do Federal Reserve", acrescentam.
"O maior risco macro significa que a dispersão dos retornos aumentou. O resultado: uma ampla divergência no desempenho entre os setores de ações e, em nossa opinião, maiores oportunidades para que a expertise em investimentos se destaque. A correlação entre os rendimentos dos títulos e das ações entrou firmemente em território positivo, o que significa que ações e títulos caem ou sobem simultaneamente. Como resultado, em nossa opinião, a antiga abordagem de construção de carteiras que dependia dos títulos para amortecer as quedas de ações não funcionará", destacam esses analistas.
Objetivo: ser seletivos
"Nossa segunda lição é olhar além do macro para buscar retornos superiores ao índice de referência, ou alfa, sendo dinâmicos e seletivos. Um exemplo de como ir além das exposições amplas a classes de ativos é aproveitar as megatendências. A megatendência da inteligência artificial (IA) impulsionou o desempenho das ações em 2023 mais do que imaginávamos. A importância da IA e outras megatendências nos lembra nossa terceira lição: as forças estruturais importam agora", concluem na BlackRock.