SÃO PAULO (Reuters) - Consumidores de pequeno porte, classificados como "varejo" para o setor elétrico, representaram 72% das migrações ao mercado livre de energia no primeiro trimestre do ano, que bateram novo recorde, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) divulgados nesta quarta-feira.
Entre janeiro a março, 5.360 novos consumidores aderiram ao ambiente de contratação livre (ACL), mais que triplicando em relação aos 1.502 registrados em igual período de 2023. O volume também supera o total de entrantes no mercado livre em todo o ano de 2022, disse a CCEE.
O recorde de migrações reflete a abertura do mercado a um universo mais amplo de consumidores a partir de janeiro deste ano, quando todos aqueles conectados à alta tensão, inclusive pequenas e médias empresas, passaram a estar habilitados para comprar energia diretamente de um fornecedor.
Antes de janeiro, o mercado livre era acessível apenas a consumidores de grande e médio porte, como indústrias e shoppings, enquanto consumidores da alta tensão com cargas mais baixas estavam obrigados a comprar energia das distribuidoras do mercado regulado. A restrição para ingressar no mercado livre permanece para os consumidores da média e baixa tensão, como residências.
As migrações devem permanecer aquecidas, uma vez que 19,3 mil consumidores já informaram às distribuidoras sobre o desejo de migrar para o ambiente livre em 2024 e há 650 pedidos para 2025, disse a CCEE, citando dados da agência reguladora Aneel.
Segundo as informações trimestrais da CCEE, os Estados do Sudeste e o Sul do país lideram o ranking de migrações no primeiro trimestre de 2024. São Paulo está no topo da lista, com 1.731 novos consumidores no ambiente, seguido por Rio de Janeiro (563) e Rio Grande do Sul (480).
Já na abertura por ramo de atividade, destacam-se as adesões da classe comercial (1.544 no período), seguida por serviços (1.328) e manufaturados diversos (642).
Com a aceleração das migrações, o ACL encerrou o mês de março com o acumulado de 43.540 unidades consumidoras, 10 mil a mais do que o mesmo período de 2023. Ao todo, esse mercado representa 38% do consumo total de energia elétrica do Brasil.
Em nota, a CCEE afirmou que tem atuado junto a seus agentes, empresas do setor e demais instituições para garantir que os processos de migração sejam cada vez mais rápidos, transparentes e previsíveis.
"Também flexibilizou seus processos internos para dar mais tempo às comercializadoras e distribuidoras para viabilizarem a admissão dos interessados no ambiente dentro dos prazos desejados", acrescentou a instituição.
(Por Letícia Fucuchima)