Presidente interino Michel Temer durante discurso no Palácio do Planalto, em Brasília. (REUTERS/Ueslei Marcelino)
SÃO PAULO - Bom dia! Aqui está a sua dose diária do Espresso Financista™:
Apito inicial
Investidores em todo o mundo retomam o apetite por risco nesta segunda-feira (20) sob menores apostas de que o Reino Unido abandonará a União Europeia. Recentes pesquisas de opinião indicam leve vantagem para o voto de permanência na UE no referendo de quinta-feira (23).
A melhora do cenário externo tende a favorecer a Bolsa brasileira enquanto investidores acompanham a reunião de Michel Temer com governadores em dia de vencimento de opções.
Temer se encontra com governadores nesta tarde para debater a renegociação de dívida dos estados após o Rio de Janeiro decretar calamidade pública em razão da grave crise financeira. Os governadores querem uma carência de dois anos para acertar pendências com a União. O governo deve defender 10 meses. Segundo o Valor Econômico, em 24 estados, as despesas com "esqueletos" totalizaram R$ 15,4 bilhões em 2015.
Ao longo dos próximos dias destaque para declarações da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na terça-feira (21), a respeito do futuro dos juros nos Estados Unidos.
Por aqui, além da possibilidade de novos eventos da Operação Lava Jato que podem desestabilizar o governo Temer, há a expectativa pela votação no Congresso da criação de um limite de evolução dos gastos públicos. Ao fim da semana passada foram divulgados dados abaixo do esperado de arrecadação em maio.
O poder e a economia
Focus - A estimativa de inflação (IPCA) subiu de 7,19% para 7,25%. Além disso, o IGP-M – que reajusta os aluguéis – foi a 8,34%, de 7,95%. O IGP-DI, por sua vez, foi de 7,97% a 8,27%. A “boa” notícia” está na revisão do PIB, que passou de -3,60% para -3,44%. Veja aqui o Boletim.
Esqueletos - Em 24 estados, as despesas com "esqueletos" totalizaram R$ 15,4 bilhões em 2015, uma elevação de 44% em relação ao ano anterior. Uma parte desses gastos pode ser levantada através das "despesas de exercícios anteriores". Entre os estados com maior volume de gastos não pagos em exercícios anteriores estão Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Sul. A informação é do jornal Valor Econômico.
FMI Tupiniquim - Segundo a Folha de S.Paulo, em meio às conversas dos Estados com a União, Michel Temer quer como contrapartida o compromisso dos governadores no ajuste das contas públicas. É a partir disso que os acordos para socorrer os Estados serão firmados. Uma espécie de FMI tupiniquim. Além disso, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a ala política do governo defende uma moratória de dez meses, um alívio maior do que o ofertado pelo Ministério da Fazenda, com um mês de suspensão de 100% dos débitos e uma queda gradual da carência de 5% a cada mês.
Calamidade nacional - Após o anúncio de calamidade pública no Rio de Janeiro, Michel Temer e Henrique Meirelles querem evitar um efeito dominó para outros estados quebrados. O presidente se reúne hoje com governadores para apresentar uma proposta de carência de uma dívida de R$ 30 bilhões com a União por 10 meses. É menos do que o pedido de dois anos dos governadores. Apesar disso, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Minas Gerais devem pedir uma ajuda semelhante à do Rio, que recebeu um socorro de R$ 2,9 bilhões.
O importante é a economia - Michel Temer acredita que caso futuras delações premiadas citem seu nome, o governo não deverá ser afetado, desde que o país apresente sinais de melhora econômica. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Propinas - Vinícius Borin, executivo apontado como operador de offshores da Odebrecht disse em depoimento que a empreiteira controlou 42 contas no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após a compra da filial de um banco no fim de 2010, o Meinl Bank Antigua. De acordo com Borin, as tranferências das contas ligadas à construtora somam ao menos US$ 132 milhões. A reportagem é do jornal O Estado de S. Paulo.
O que acontece no mundo corporativo
Usiminas (SA:USIM5) - O diretor corporativo institucional da CSN (SA:CSNA3), Luiz Paulo Barreto, afirmou ao jornal Valor Econômico que os controladores dragaram a Usiminas até o caos. "Nós estamos tentando proteger a Usiminas, e não prejudicá-la", afirmou o executivo. Na visão da CSN, "os principais acionistas da Usiminas pretendem destruí-la".
Petrobras (SA:PETR4) - Em entrevista ao The Wall Street Journal, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, indicou como pretende lidar com as dezenas de ações abertas por investidores estrangeiros contra a estatal por perdas com a corrupção: “A história mostra que você faz acordos”.
Petrobras 2 - A maior promessa do novo presidente da Petrobras é, na verdade, o que todo mundo deseja. Em entrevista ao The Wall Street Journal, Pedro Parente afirmou: “Ela será uma empresa séria [...] com a melhor administração que podemos ter neste país”. Hoje, o que a Petrobras tem, mesmo, é uma dívida muito séria: US$ 126 bilhões.
BR Distribuidora - O presidente da Petrobras reafirmou que a estratégia para salvar a empresa é vender ativos e cortar custos. Em entrevista ao The Wall Street Journal, Pedro Parente ressaltou que tem três ofertas de compra para uma fatia da BR Distribuidora, mas ainda não revela os nomes.
Oi (SA:OIBR4) - A Oi está agonizando com uma dívida bilionária e impagável. Isso, contudo, não parece ser um problema para quem tem bons amigos. A empresa conseguiu suspender o pagamento da dívida de R$ 7 bilhões com o BNDES por 180 dias. A lista de credores, contudo, é ainda maior: veja.
IPO - Os dois aeroportos encravados nas duas maiores metrópoles do Brasil poderão ir à Bolsa. Segundo O Globo, a Infraero quer vender até 49% de Congonhas e Santos Dumont para investidores privado e abrir o capital de ambas. A ponte-aérea Rio-São Paulo é o décimo trajeto do mundo em termos de oferta de passageiros, diz o jornal citando os dados da Official Airline Guide.
Para comentar mais tarde
O enigma do salário de R$ 48 milhões do ex-Credit Suisse Brasil. O último lugar em que se esperaria encontrar um dos executivos mais bem pagos do Credit Suisse Group no mundo seria o Brasil, diante de todos os desafios políticos e econômicos que o País enfrenta.