Indicados de Lula tiveram peso maior no último Copom e barra é alta para BC mudar orientação para juros

Publicado 19.12.2024, 11:45
© Reuters. Diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de entrevista coletiva à imprensa na sede da autarquia, em Brasílian19/12/2024nREUTERS/Adriano Machado
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Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) - A opinião dos diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve peso maior na decisão do Banco Central deste mês para os juros básicos, disseram o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Galípolo ainda apontou que a "barra é alta" para que o BC mude a orientação futura para a política monetária, que aponta para mais duas altas de 1 ponto percentual na Selic no início de 2025.

"O Roberto foi muito claro em dizer que entendia que nessa reunião (do Copom) era para se deixar a responsabilidade comigo... Essa foi uma decisão tomada já no processo de transição, com o Roberto permitindo que a gente estivesse à frente dessa reunião", disse.

O Copom surpreendeu na semana passada ao acelerar o ritmo de aperto nos juros, elevando a Selic em 1 ponto, a 12,25% ao ano, prevendo mais duas altas da mesma magnitude, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais do governo.

"Vocês sabem que eu sou bem apegado a ‘guidance’, então, eu acho que a barra é alta para a gente fazer qualquer tipo de mudança no ‘guidance’", afirmou Galípolo, que assume o comando do BC interinamente a partir desta semana, durante as férias de Campos Neto, antes de tomar posse definitivamente em janeiro.

A declaração de que a decisão dura foi tomada com peso maior dos quatro diretores indicados por Lula ocorre em meio a dúvidas no mercado sobre a postura do BC quando a diretoria passar a ter maioria de apontados pelo governo, a partir de janeiro.

Para Galípolo, o BC foi "bastante corajoso" ao tomar a decisão e deu passo claro em direção de colocar juros em patamar restritivo com alguma segurança, mostrando comprometimento com a meta de inflação.

© Reuters. Diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de entrevista coletiva à imprensa na sede da autarquia, em Brasília
19/12/2024
REUTERS/Adriano Machado

Perguntado sobre uma eventual perda de potência da política monetária em meio a uma elevação de juros futuros e disparada do câmbio mesmo após decisão dura do BC, ele afirmou que a autoridade monetária tem todas as ferramentas para atingir o alvo para a inflação.

Na entrevista, Galípolo disse que conversou com Lula após a decisão do Copom, de quem afirmou receber total autonomia, relatando ter visto nele uma clareza sobre como a inflação é ruim para a população e sobre confiança de que o BC fará o trabalho necessário para atingir a meta.

Ele ponderou que não informa ao presidente o que o Banco Central fará à frente.

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